JMJ 2023: Não só há pressa no ar como também muita alegria

Foto: Duarte Gomes

No dia 26 de julho, em que os peregrinos vindos de várias partes do mundo se juntaram na Sé para a Eucaristia que marcou o início oficial dos ‘Dias na Diocese’, havia pressa no ar, mas sobretudo muita alegria.

Aquilo por que tantos ansiaram durante muitos meses estava finalmente a acontecer. Com mais ou menos esforço, cada um daqueles jovens chegou ao primeiro destino do grande encontro com Jesus e com o Papa Francisco em Lisboa.

Por entre a azáfama de deixar a sua marca no mural que estava a ser ‘construído’ no exterior da Sé e o ocupar dos lugares na assembleia, houve tempo para conversas com alguns jovens e também com um sacerdote vindos da Argentina e ainda com um outro peregrino vindo dos Estados Unidos.

Sinal da presença de Deus vivo

O P. Gabriel, da Paróquia San José – San Martín de los Andes, confessou ao Jornal da Madeira que se “prepararam muito para este momento” e que “tinham muita vontade de vir à Madeira”. Sobre estes dias e as expectativas do grupo que acompanha disse-nos que “são grandes porque são sempre uma oportunidade de fraternidade e de encontro com a Igreja local”.

“Conhecer a Madeira, as suas gentes, as paróquias, as comunidades”, são os grandes objetivos destes dias que vão passar na ilha, cumprindo uma das máximas do Papa Francisco que diz que os cristãos devem cultivar “a cultura do encontro, dentro da diversidade que cada um trás consigo”, mas também “o amor a Jesus”.

Sobre as JMJ em Lisboa diz que as expectativas são parecidas com aquelas que têm para estes dias, só que numa escala muito maior, já que o encontro vai acolher não só um número superior de peregrinos, mas também o papa que os congrega. Serão dias de “uma alegria contagiante” e que o Pe. Gabriel espera sejam “um sinal da presença de Deus, neste mundo que necessita deste Deus vivo”.

Surpreender pelo amor de Deus

Carla também vem da Patagónia, na Argentina, mais precisamente da província de Neuquén, cidade de Zapala. Diz que foi “um presente de Deus” poder passar estes dias na Madeira. Felicidade e gratidão são as palavras que escolhe para descrever este momento que está a viver. Sendo a primeira vez que participa numas jornadas, diz estar “com imensas expectativas”.

“Para alguém que está há muito neste caminho da Igreja chegar a uma jornada mundial é o máximo. Uma oportunidade de me encontrar e de me deixar surpreender pelo amor de Deus e dos irmãos”, sublinha a jovem de sorriso contagiante.

Presente nas primeiras JMJ

Franco, outro dos peregrinos da Argentina com quem falamos, já não é novato nestas andanças uma vez que esta já é a segunda vez que participa numas jornadas mundiais da Juventude. “A primeira foi em 2013, quando as mesmas começaram a contar com a presença do Papa Francisco”, diz, para logo dar conta da sua “alegria em poder participar, 10 anos depois, numa nova jornada”.

Conhecer novas culturas, novas pessoas e seguir “conhecendo o amor nas outras pessoas e mais importante ainda deixar-me surpreender pelo amor de Deus e seguir este caminho de que gosto tanto e que me faz feliz”, foram e são os motivos porque Franco volta a participar.

Só que agora, explica, acompanha jovens que tinham a sua idade quando foi à primeira jornada, a quem procura “transmitir toda a emoção que sentiu nesse momento”.

Ser uma pessoa melhor

Isaque Sousa vem dos Estados Unidos, mas as suas raízes açorianas permitiram-nos conversar em português. O jovem explicou-nos que vem a estas JMJ, porque quer “aprofundar a sua fé e ver o Papa”.

Além disso, era um antigo desejo seu conhecer não só o continente, como a ilha da Madeira. Do pouco que já viu da ilha, “a Madeira é uma ilha bonita, com muita história e sobretudo com igrejas”.

Aliás, a igreja portuguesa que costuma frequentar “não é tão bonita como as igrejas que encontramos aqui”.

Sobre o que espera das JMJ 2023, diz que certamente vai conhecer muitas pessoas e fazer muitos amigos, mas sobretudo se “tornar uma pessoa melhor”.

Servir é importante

Foi já nas instalações da antiga Universidade Católica, onde está a funcionar um ‘nucleo de apoio’ aos peregrinos que estivemos à conversa com dois voluntários e um elemento do COD-Funchal.

Mateus Bento diz que decidiu ser voluntário porque a mãe sempre lhe disse que era bom que ele tivesse uma experiência de voluntariado. Esta pareceu-lhe a oportunidade perfeita de ajudar aqueles que chegam a um lugar desconhecido, falando outras línguas, mas com o mesmo Jesus como meta.

O mesmo espera encontrar em Lisboa porque é um dos madeirenses que vão representar a Diocese do Funchal neste grande encontro de jovens. É a primeira vez que participa e dá “muitas graças a Deus por conseguir ir”.

Roberto Sousa é outro dos muitos voluntários que abraçaram estes ‘Dias na Diocese’, como um momento importante. Inscreveu-se por considerar que “a dimensão de serviço é muito importante nesta etapa da vida que é a juventude”.

Por outras palavras, “não devemos estar resignados a nós próprios, no sentido em que o egoísmo não pode imperar e temos de estar ao serviço do outro, ainda para mais esta que, como toda a gente diz, é a juventude do Papa. Temos de nos desinstalar e fazer como Maria, partir apressadamente e é neste sentido que me predisponho ao serviço: ir ao encontro do outro, ajudá-lo naquilo que seja necessário e acompanhá-lo”.

Para além desta experiência Roberto também vai às JMJ. Serão as suas primeiras. Diz-se “confiante”, mas ao mesmo tempo “um bocadinho nervoso e ansioso porque também estou envolvido como vice responsável da Paróquia das Eiras”.

Essa missão, que muito agradece ao Pe. Alberto Fernandes, implicou para já algum trabalho, nomeadamente na elaboração de um guião para a paróquia folhetos e cartaz para acolher os peregrinos da Geórgia.

Depois há Lisboa e a “receção a Cristo vivo de que tanto a Igreja fala e que é muito importante”. Há o “ver o papa e muitos jovens” e o rever a cidade que o acolheu durante os quatro anos em que esteve a fazer a sua licenciatura, pela qual também vai agradecer assim como pela namorada que o acompanhou e acompanha, mesmo quando a missão obriga à distância.

Roberto Sousa aproveitou ainda para elogiar o trabalho do COD do Funchal. Um trabalho que, “muitas vezes pareceu invisível, mas que estando agora um pouco mais por dento, vemos o quão grande é esta máquina de trabalho” e também o envolvimento do bispo diocesano que “apelou aos jovens e não jovens para participarem nestas jornadas”.

Todos falam a mesma língua

Por fim, mas não menos importante, o Jornal da Madeira falou com João Francisco (Kiko) elemento do COD- Funchal. Mais alegre ainda do que o habitual, João Francisco diz que “para nós as jornadas já começam agora com estes “Dias nas Dioceses”, com a do Funchal a receber “jovens de todo o mundo”.

“Há pouco dizíamos que estávamos todos arrepiados ao ver toda esta azáfama, toda esta alegria e todos estes jovens reunidos em torno de uma causa comum que é de facto Jesus Cristo”, frisou, para logo acrescentar que agora é que “estamos a colher os frutos”.

Embora seja o primeiro a dizer que “a Igreja é possível sem os jovens” João Francisco também vinca que “ela é completamente diferente quando tem os jovens”. Por isso mesmo, valeu a pena todos os meses de “intenso trabalho”, com as famílias a ficarem para  trás. Porém, “ver a alegria destes jovens que chegam de toda a parte, a falar uma língua só é de facto mágico”.

João Francisco também vai participar, pela segunda vez numas JMJ. As primeiras em que esteve decorreram em Madrid e nessa altura diz ter jurado a si mesmo que haveria de participar noutras e aí está a oportunidade, “ainda por cima no meu país”.

O Jornal da Madeira vai, naturalmente, continuar a acompanhar alguns dos momentos destes “Dias na Diocese”, com a certeza de que este é um momento importante para em cá chegou, mas também para a nossa Igreja Diocesana, que rejubila com esta lufada de ar fresco que, esperemos, sirva de exemplo aos nossos jovens para que, como tantas vezes diz D. Nuno Brás, não se afastem da Igreja quando recebem os sacramentos, nomeadamente o da Confirmação.