Senhora do Carmo: D. Nuno exortou fiéis a serem fonte abundante de bênçãos de Deus no mundo 

Foto: Duarte Gomes

“Quando um ser humano se afasta de Deus fica num verdadeiro deserto”. Foi isso que sucedeu no tempo do profeta Elias. O povo afastou-se de Deus e, “por isso mesmo, sofreu uma seca terrível”. Só quando acreditaram que a pequenina nuvem, lá no fim do horizonte, anunciava a chuva e que ela era “a presença de Deus no meio do seu povo”, é que a chuva foi tanta que o deserto desapareceu.

Foi desta forma que D. Nuno Brás iniciou a homilia da Eucaristia da Festa de Nossa Senhora do Carmo, a que presidiu na passada sexta-feira, dia 16 de julho, na respetiva igreja, no Funchal.

Nesta sua reflexão o prelado disse que temos o mesmo modo de pensar em relação a Nossa Senhora. “Se nós vivêssemos há dois mil anos, na Galileia, na Nazaré, ao vermos aquela jovem, frágil, de 12 anos, ninguém diria que Ela era simplesmente comparável a esta pequenina nuvem do profeta Elias e que, no entanto, dela viria a surgir todas as bênçãos que o povo de Deus, que o mundo inteiro tem recebido por intermédio Dela”.

“Nós sabemos como a Sua atitude de fé, a Sua oração foram campo fértil onde a palavra de Deus se fez carne, onde a palavra de Deus quis abençoar não apenas o povo de Israel, não apenas os discípulos de Jesus, mas os discípulos de Jesus de todos os tempos e mesmo o próprio mundo”, lembrou D. Nuno Brás.

De resto, acrescentou o bispo diocesano, “nós próprios quando abandonamos Deus deixamos de acolher esta bênção, deixamos de dar fruto, porque cortamos a nossa relação com aquele que é a fonte da vida”, ou seja, “a nossa vida verdadeiramente torna-se um deserto”. E há aí, constatou, “tanto deserto no meio de nós, gente que vive amargurada, gente que vive distraída da sua própria condição, mas de facto desertos, vidas semelhantes a desertos, sem água”.

Então podemos, e devemos, interrogar-nos sobre o que fazer para mudar essa realidade, apesar de nos acharmos frágeis e impotentes. E é precisamente “nesta realidade pequena e frágil, fecundada pela palavra de Deus, que são as nossas comunidades, que é a Igreja toda e em particular a Igreja neste nosso mundo ocidental, que o Senhor conta para sermos a sua presença e uma fonte de bênçãos abundantes para o mundo”.

De resto, prosseguiu o bispo do Funchal, “o facto de existirem cristãos nesta cidade do Funchal torna a vida da nossa cidade diferente, o facto de existirem comunidades cristãs que acolhem a palavra de Deus torna a vida das nossas famílias diferentes, torna a vida das nossas comunidades de trabalho diferentes, torna a nossa vida diferente”. E até pode parecer que “somos apenas frágeis nuvens, mas precisamente o Senhor quer transformar esta fragilidade em bênçãos e em bênçãos abundantes”.

Daí o desejo para “que nos guie o exemplo da Virgem Maria, que seja para nós uma luz, que nos mostre verdadeiramente que na sua serva o Senhor faz maravilhas, que nos seus servos o Senhor faz maravilhas”.

E também o apelo ao Senhor que “por intercessão da Vigem Maria também em nós a palavra de Deus se realize, também em nós a palavra de Deus transforma aquilo que é deserto em vida, também em nós, na nossa fragilidade e por meio de nós, o mundo receba as mais abundantes bênçãos do céu”.

Mas esta celebração começou, como sempre, com o Pe. Manuel Dias a dar conta da alegria da comunidade Carmelita por, uma vez mais, o bispo diocesano se ter disponibilizado para presidir a esta concelebração e a agradecer essa mesma presença.

Este foi também um momento para dar os parabéns a este mesmo sacerdote pelo seu 80º aniversário natalício, bem como o Pe. Noé pelos seus 10 anos de ordenação sacerdotal.

Já D. Nuno aproveitou o momento para “agradecer todo o serviço que os padres Carmelitas prestam nesta nossa cidade, sobretudo no ministério da Confissão que é tão importante”.

No final da celebração, que este ano voltou a não incluir a procissão que costumava percorrer várias artérias da cidade, o Pe. Dias voltou a usar da palavra para manifestar a disponibilidade da Comunidade Carmelita para continuar a servir a diocese tendo também agradecido a todos aqueles, sacerdotes diocesanos incluídos, que participaram no novenário que antecedeu esta festa em honra de Nossa Senhora.