Unidade dos cristãos. Quem une e organiza?

D.R.

A semana de orações pela unidade dos cristãos na fé, caridade e ação, pede oração e reflexão sobre o pensar a Quem se ora. Só assim se une o conhecer ao desenvolvimento global, com mente e coração. A nossa cultura de evitamento foge à organização global a favor de todos. A moda do pensar débil cultiva a desunião contra a colaboração na paz e no bem de todos e não reduz sofrimentos e ameaças. O consumo desenfreado desperdiça os recursos de todos, desune e provoca miséria a milhões e poluição a todos. Os incêndios, secas, inundações, alertam para as injustiças e ganâncias arbitrárias de oligarquias.

As ciências são preciosas, mas as suas respostas, de peso e medida material, não envolvem o coração e o homem todo; explicam mais o mal que o bem; e falham nas razões de ser bom para todos neste planeta. Favorecem algumas classes económicas, nações, etnias, idades, condições de saúde e doença, não a união de todos os homens e mulheres. Emperram a unidade. Trazem progresso a nível de natureza, deste mundo, ignorando o Sobrenatural e o Além, e o Dono de tudo. Deixam na desesperança os tristes e oprimidos, agora e na proximidade da morte.

E as religiões ajudam? Por serem muitas e diferentes contradizem-se. Ajudam e desajudam. Fogem à unidade de coração, fé e ação. E as ideologias, sistemas políticos, ditaduras e oligarquias económicas? Ajudam alguns, como as sociedades discretas e secretas, e os subsistemas sociais de interesses conflituais. Não colam com o bem comum, justiça e paz; contrariam a coesão e a colaboração global; pregam relativismos moles, egoístas e terrenos. Ocupam-se de alguns, não do bem de todos. E ameaçam a solidariedade e colaboração em dimensões de crescimento intelectual e moral para menos consumo.

Haverá alternativa a uma ordem reconciliada com todos, como se questiona V. Soromenho Marques, (rev. Expresso, 11.01.19 p.32)? Há 500 anos, na sua viagem global, Fernão de Magalhães conseguiu evitar o pior com forte coordenação dos marinheiros perante tragédias iminentes. Ao esquecer o compromisso de almirante com o rei, a armada e Deus, quase se perdia tudo em tragédia, no estreito do seu nome e nas Filipinas, quando morreu.

A semana de oração pela unidade dos cristãos vem lembrar a Quem se ora. Sem o co-Ordenador supremo aumentam a insegurança, a desunião, a luta pelo poder agressivo e de morte (sem vida eterna). E há um Ordenador global? Sim, mas os estilos esquivos e evasivos de alguns literatos, escritores e filósofos, silenciam-nO. Escrevem e citam bem e muito (a Bíblia, pouco). Agradam, mas deixam um vazio de lógica no dizer: dizem o que muitos pensam, mas não o que eles pensam. Para não desagradar aos fãs, por vergonha? O Unificador de todos, perguntará: “E vós quem dizeis que eu sou”? (Mt 16,13-19). Não há ciências da natureza, partido, religião, ideologia que possa realizar a coesão e colaboração entre todos, para bem de todos. A vida do Aquém e do Além, do natural e do sobrenatural; na abundância e carestia; nos consumos fartos e redução de esbanjamentos egoístas, pedem um Coordenador global. A unidade coesa dos cristãos, nos bons e maus momentos, só pode ser obra do Único Unificador global e dos unidos a Ele. O seu nome é «Eu sou Aquele que é» (Ex3, 14), Deus: Pai, Filho e Espírito Santo.

Só Jesus é global, Aqui e no Além, como Pedro confessou: Para que outro iremos, Senhor? «Só tu tens palavras de vida eterna» (Jo 6, 60-69). Só Ele reconcilia a Natureza e a Sobrenatureza, a Unidade, neste e no outro mundo: «Pai, que todos sejam Um….como tu e Eu» (Jo 1721-23). Jesus é Palavra reveladora da natureza e do sobrenatural, que escolhe e delega num Almirante para continuar a unificar aqueles que o aceitam. Nesta semana, os cristãos reconhecem que Deus é Criador e Senhor da natureza e da ordem do real; que Ele torna possível a ciência de causas e efeitos materiais; e reconhecem o seu Enviado e o Delegado deste na armada Igreja, o Papa. Reconhecem que na família o ordenador é o pai; no avião um piloto comandante, dois é demais, e dá desastre (cf. Porquê o “sistema” quer matar o pai?). E oram para que Deus não seja “palavra proibida” e que os homens de hoje não sejam “os loucos dos anos 20 [que] foram mesmo loucos” ao imporem um mundo sem Autor(idade) como sugere H. Raposo, (Deus, Expresso 4.01.20 p. 33). A loucura sem lógica agravou-se nos últimos séculos; ao passo que a sabedoria e lógica revelada vem de longe: “Sou o Deus de Abraão, Isaque, Jacob… de vossos pais” (Gen 3,15-16), Não há mais nenhum!