Paróquia do Cristo Rei: Preparativos intensos permitem saída do Espírito Santo

Foto: Duarte Gomes

Ainda o relógio lá no alto da torre não marcava as 10 horas e já as saloias cantavam, a plenos pulmões, à porta da Igreja do Cristo Rei, prontas para a saída do Espírito Santo. 

As gémeas Barbara e Madalena Neto, têm 12 anos e devem ter entrado para a história como as saloias que mais rapidamente se prepararam para este papel. Nervosas? Pelo menos não aparentavam. Antes pelo contrário. Estavam seguras e cientes do seu papel, apesar de ser a primeira vez que o desempenhavam.

Em apenas duas semanas ensaiaram tudo o que havia para ensaiar. Irene Sousa e Cristina Neto trataram dos ensaios, mas também de lhes conseguir a roupa e os adereços necessários. “Foi tudo emprestado, porque a gente não tinha nada”, vincam. 

Por isso, não têm mãos a medir no que toca aos agradecimentos, a começar pelos pais das crianças, “o casal Arminda Carvalho e Miguel, Neto, passando pelas mães Ana Cabral e Sónia Jardim, que emprestaram as roupas, pela Ana Luísa que tratou dos penteados e pela família Macedo, nas pessoas da Paula e do Francisco, que ofereceram duas carapuças à paróquia”. 

Depois das visitas do Divino Espírito Santo terem estado em risco naquela paróquia, por questões que não importa agora abordar, e do Pe. Manuel Ornelas, Administrador Paroquial do Cristo Rei, ter dito ao Povo para se organizar, foi isso precisamente que aconteceu. Irene Sousa arregaçou as mangas e  meteu mãos ao trabalho e, em 17 dias, preparou estas visitas pascais, contando com estes e outros tantos apoios e ajudas. 

Se assim não fosse, se calhar o Cristo Rei não teria mesmo cumprido uma tradição que muito diz aos madeirenses e ao povo daquela localidade em particular.

Mas há outras mudanças que foram implementadas e que se acredita vão dar frutos. Por exemplo, ao contrário de anos anteriores, este ano cada saída é feita por um grupo de pessoas de cada sítio e em vez de saírem seis domingos, vão ser apenas cinco. Assim, cada sítio é envolvido e assume as suas responsabilidades, sem atropelos nem canseiras em demasia, que já se sabe que estas visitas são sempre cansativas.

Neste domingo, 28 de abril, dia em que o Jornal da Madeira acompanhou parte da primeira saída, claro que o nervoso miudinho tomava conta de toda a gente, apesar de ninguém o querer assumir. Afinal, não havia quem soubesse ao certo como é que as coisas iam correr. 

Sabia-se, isso sim, que haveria portas que não se iriam abrir, apesar do Evangelho do dia convidar, como disse o Pe. Manuel na sua homilia, “ao acolhimento e a dar fruto”. E como “um acolhimento mal feito pode mudar a nossa história da comunidade e até do mundo”, cada qual escolheria o que haveria de fazer.

Mas o certo é que, quando é preciso, Deus providência e mais uma vez não falhou, Duas saloias, três tocadores – o Eduardo, o Francisco e o Diogo – o Francisco e o Miguel com as Insígnias e a Matilde com a coroa, mais o sacerdote a acompanhar, foram suficientes para, com responsabilidade e alegria, percorrerem todo o sítio do Monte de baixo. 

Para a semana, a visita será ao sítio das Adegas. Com a experiência ganha, certamente a visita ainda vai decorrer melhor do que neste primeiro domingo. 

E tudo para que, de facto, não se perca esta tradição de acolher o Divino Espírito Santo que vai passando e abençoando cada casa e cada família, pelo menos até ao Dia de Pentecostes.