Eucaristia evocou “vida de silêncio e humildade” da Madre Virgínia falecida há 91 anos

Foto: Duarte Gomes

Celebrou-se ontem, dia 17 de janeiro, na Igreja de Santo António, uma Eucaristia para assinalar os 91 anos da morte da Madre Virgínia, a última abadessa do Mosteiro de Nossa Senhora das Mercês, a “santa freirinha” como era carinhosamente chamada. 

A Missa foi preparada pelo Grupo de Oração pela beatificação da Madre Virgínia Brites da Paixão, tendo sido presidida pelo cónego Carlos Nunes, pároco de Santo António, e concelebrada pelos padres André Pinheiro e João Maria e ainda pelo Frei Nélio Mendonça.

Na homilia que ficou a cargo do Frei Nélio, este começou por se referir ao Evangelho que falava do milagre da cura de um paralítico que foi levado até Jesus por quatro amigos. E fê-lo para sublinhar que, “mais importante do que a cura exterior, é de facto a cura interior”, da “paralisia da alma”, que nos remete para o facto de que só Deus nos pode curar, só ele pode perdoar os nossos pecados.

Frei Nélio falou ainda da figura de Santo Antão, cuja festa litúrgica a Igreja celebra também neste dia 17 de janeiro, dizendo que foi o Pai da Vida Monacal, mas que entre o povo ficou conhecido como protetor dos animais, sendo a ele que levam os animais que se encontravam doentes para que os curasse.

Finalmente Frei Nélio evocou a memória da Madre Virgínia, ela que “de certa forma, tal como Santo Antão, também viveu no deserto” e que se “notabilizou não tanto por aquilo que escreveu, não tanto pelo que disse ou fez, mas sobretudo pelo que ela ouviu”. A Madre Virgínia, frisou, “era sobretudo uma mulher de silêncio”, um “silêncio que tocou o coração de todos”. De resto, “para comunicarmos o essencial, não precisamos de muitas palavras”. A Madre Virgínia “foi grande na sua capacidade de fazer silêncio, na sua humildade de rezar” e o povo entendeu “na simplicidade da fé, a grandeza da sua alma”.

Aquela Eucaristia lembrou, servia precisamente para “fazer memória agradecida da sua vida e da grandeza do seu testemunho”, mas também para recordar que, na sua simplicidade, “ela convida-nos também a imitarmos as suas virtudes: a virtude do silêncio, da humildade, a virtude da contemplação e da confiança”.

Frei Nélio lembrou ainda que, tal como os quatro amigos que cuidaram do paralítico, “a Madre Virgínia cuidou não apenas da sua alma, mas rezou e intercedeu por todos, por toda a cidade, as missões e pela Igreja universal”. Prosseguiu desejando que “saibamos também nós rezar e interceder pelos demais, cuidando não apenas da nossa alma, mas por todos aqueles que mais precisam de Deus”.

Terminou pedindo aos presentes e a todos que rezem também para que o processo de beatificação da Madre Virgínia avance e que daqui a uns meses “tenhamos a graça de o encerrar”.

Antes da bênção final o cónego Carlos Nunes também dirigiu algumas palavras à assembleia, pedindo para que se continue a fazer memória agradecida “pelo dom da vida da Madre Virgínia, por aquilo que ela foi”, e que se continue com “ as nossas preces ao Deus vivo e verdadeiro, para que ela seja considerada como modelo de santidade pela Igreja”.