Por Maria Helena Paes
Aguardava serenamente a Oração pela Humanidade seguida da Bênção Ubi et Orbi que teria lugar na Praça de S. Pedro, proferida pelo Papa Francisco. Quando o canal de televisão fez a ligação fiquei extremamente comovida. A Praça de S. Pedro, que foi palco de tantos acontecimentos, sempre repleta, encontrava-se vazia, sinal dos tempos difíceis que atravessamos, em que se torna necessário ter a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, deixando que a esperança impere. Desolador ver a praça assim. Contudo, senti que existia um amor real, sincero e partilhado, num barco em que todos nos encontramos à deriva com receio de nos afundarmos face ao às circunstâncias tempestuosas, que vivenciamos, onde impera o medo, a incerteza sobre o momento presente e o futuro, esquecendo que Jesus nos acompanha nesta tormenta bem como Sua Mãe Maria, intercedendo por todos nós. Neste dilúvio de lágrimas, neste apelo dos nossos corações em sofrimento, cobertos de dor perante a nossa impotência questionamos a nossa falta de fé. ‘Eu creio Senhor, mas aumenta a minha fé, esperança e caridade. Somos seres humanos, frágeis, imploramos-te que despertes para o que acontece ao nosso redor, tal como fizeste com os apóstolos que te acordaram e amainastes o vento e voltou a acalmia. Tranquiliza os nossos corações angustiados nesta rota da vida em que queremos caminhar rumo a Ti em solidariedade com os nossos irmãos. Sabemos que em vários momentos pecámos contra o Céu e contra Ti. Perdoa os nossos pecados. Precisamos de Ti, vem socorrer-nos. O Papa Francisco recordou-nos que ninguém se salva sozinho. Jesus traz a justiça ao mundo para que todos possamos ser um só’.
Constituiu um momento enternecedor ver o Papa Francisco caminhar na Praça de S. Pedro, para onde tinha sido colocada o ícone de Santa Maria, “Salus Populi Romani”, que se venera na Basílica de Santa Maria Maior. O Santo Padre já tinha ido rezar, pelo fim desta pandemia Covid-19, nessa Basílica. Agora todos a podíamos visualizar em oração e devoção. Igualmente tinha sido transportado e colocado, o Santo Cristo, venerado na Igreja de San Marcello al Corso, que salvara Roma da peste em tempos antigos, e onde Francisco também já tinha ido colocar as suas intenções, qual Pai preocupado com todos nós, crentes e não crentes. O Papa tinha-nos convocado através dos meios de comunicação social para nos trazer conforto e esperança. ‘Não estavas só, Francisco’. Por esse mundo fora estávamos unidos na comunhão dos santos, através da oração. Jesus e Maria também se encontravam representados. E quando o Santo Padre, comovido, abençoou com o Ssmo. Sacramento a cidade de Roma e o Mundo, chovia copiosamente. Parecia que as Suas lágrimas, repletas de dor, agora já consolado, nos limpavam os nossos pecados, como um Pai sempre disposto a desculpar os seus filhos muito amados, agora perdoados, através da Bênção Urbi et Orbi, nas condições habituais. Constituiu, um verdadeiro bálsamo na nossa vida, neste momento em que nos encontramos privados presencialmente da Santa Missa, do sacramento da confissão, da catequese, enfim, de tudo o que implica aglomeração de pessoas, pese embora possamos assistir através dos meios de comunicação. O Santo Padre e Igreja em geral, têm conhecimento e preocupam-se com todos, multiplicando-se em transmissão missas, de orações, bem como de outros acontecimentos que fortalecem a nossa fé e que nos ajudam a caminhar nestes tempos mais turbulentos.
Disse o Papa Francisco: “Deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria de vos confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus. Senhor abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações”.
Concluo este artigo com o pensamento de que Deus vai sempre colocando os meios ao nosso alcance para nos podermos santificar, neste nosso peregrinar terreno ainda que possamos não entender agora a causa de tanto sofrimento. Santa Maria, rainha dos enfermos e da esperança, intercedei por todos nós.
