“Imagens de uma Imagem: Nossa Senhora de Fátima na Madeira em 1948” para ver no ABM

A mostra, que pode ser visitada no átrio da instituição, abriu portas no passado dia 13 de outubro, podendo ser visitada até ao dia 15 de novembro.

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O Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira (ABM) tem patente ao público, no seu átrio, uma exposição fotográfica intitulada “Imagens de uma Imagem: Nossa Senhora de Fátima na Madeira em 1948”.

Esta mostra retrata a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que decorreu entre os dias 7 e 10 de abril de 1948, na ilha da Madeira.

As fotografias selecionadas integram o fundo Perestrellos Photographos, do espólio do Photographia-Museu Vicentes, agora depositado no ABM. Os textos, selecionados por Manuela Marques, responsável pelo projeto, evidenciam as reportagens fotográficas publicadas nos jornais da época, designadamente no Diário de Notícias do Funchal.

De facto, e de acordo com um texto da autoria de Maria Favila Vieira da Cunha Paredes, arquivista, que complementa esta exposição, «a imprensa da época descreveu este acontecimento como “impressionante”, “inesquecível”, “apoteótico”. Era generalizada na sociedade madeirense a consciência de viver um momento histórico, e a detalhada reportagem dos fotógrafos Perestrellos atesta com singular força até que ponto estavam irmanados aos pés da Virgem pessoas de todas as idades e condições, do Funchal e das freguesias rurais, leigos e consagrados, as autoridades civis e religiosas.»

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Na verdade, sublinha Maria Paredes, «esta terra é de devoção mariana desde sempre, como atestam, por todo o arquipélago, as centenas de capelas e igrejas dedicadas a Maria e a própria Sé do Funchal, consagrada a Nossa Senhora da Assunção»; e acrescenta que a saudade e aflições pelos filhos que emigravam inspirava preces como a que podia ler-se no arco triunfal à entrada do Campanário: “Senhora de Fátima, atentai nas lágrimas das mães”.

Não admira, pois, que os madeirenses tivessem acorrido em massa «junto da branca imagem que o mar trazia, tão alegres como subiam à serra nas grandes romarias de Nossa Senhora do Monte, para pedir a cura dos que sofriam e a Paz, pela conversão dos pecadores. Na tipicidade do seu modo de estar e de trajar, que estas fotografias captam, pouco distam dos romeiros que Alberto I do Mónaco, notável oceanógrafo, descreveu no seu Diário em agosto de 1911, vindos em pequenos barcos de todos os pontos do litoral da ilha, envergando roupas muito limpas e a bota amarela característica.».

Por outro lado, é preciso ter em conta a realidade mundial em 1948: «Sobretudo, eram bem vivas, em 1948, as feridas materiais e espirituais das recentes guerras na Europa, para mais dilacerada pela violência das ditaduras nazista e comunista; ainda doía aos madeirenses o sacrifício vão de inúmeros compatriotas no esforço da I Grande Guerra, o sofrimento de muitos sobreviventes. Impressionados pelos padecimentos do Imperador da Austria-Hungria exilado e tragicamente falecido no Monte, compadeciam-se dos refugiados que aqui se acolhiam no rescaldo da II Grande Guerra, a que Portugal fôra poupado pela diplomacia de Salazar.»

A terminar e para além do convite para visitar esta exposição, que como já se disse ficará patente até dia até 15 de novembro, de referir que o Serviço Educativo promove visitas orientadas, mediante marcação através do telefone 291708400 ou do email seec.abm.sretc@madeira.gov.pt.

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