Bispo do Funchal: A condição cristã envolve uma vocação pública de humanização crescente da sociedade 

D. António Carrilho que  presidiu, esta terça-feira, à procissão e  festa do padroeiro da diocese, São Tiago Menor,  convidou os cristãos a “viver a fé”, porque a vivência da fé “pode contribuir para a construção de uma nova sociedade”.

Foto: Duarte Gomes

“A fé deve manifestar-se na vida, sobretudo no amor ao próximo, no compromisso da caridade”, disse D. António Carrilho na homilia desta celebração, para logo acrescentar que “só no amor a Deus e ao próximo encontramos a nossa própria realização”.

O prelado explicou aos fiéis que a vivência da fé “pode contribuir para a construção de uma nova sociedade”.  “A fé será certamente o maior contributo da Igreja e de todos os cristãos, nesta construção”, disse D. António Carrilho que, no entanto, frisou a necessidade da fé ser uma fé baseada mais nos atos do que nas palavras, porque “uma fé sem obras, está morta”.

Nesta Eucaristia, em que participaram várias figuras públicas civis e militares, entre elas o presidente e toda a vereação do Município do Funchal, bem como o presidente do Governo e o representante da República para a Madeira, o bispo diocesano disse ainda que “é no concreto das suas opções e reações, que o cristão é chamado a exprimir a novidade vital da sua fé”. A fé que “impele o cristão a promover a justiça, a participar na construção da sociedade, a comprometer-se em ações e instituições, na defesa dos direitos humanos, nomeadamente nos domínios da família e da vida, do trabalho e da economia, da educação e da saúde”. De resto, “a condição cristã envolve uma vocação pública, a exercer como proposta de humanização, sempre crescente da sociedade”. 

A fé  que  se “manifesta nos valores que vivemos e defendemos”,  frisou, mas também, no “espírito de fraternidade, em abertura para o diálogo com todos os homens de boa-vontade, em solidariedade e comunhão na luta pelo bem comum” e “presta, sem dúvida, um grande contributo para o progresso da cidade, para a construção de uma sociedade mais fraterna, mais digna e mais humana”. Daí o desafio para que os cristãos “vivam a fé construindo a cidade” e uma sociedade com um rosto “cada vez mais humano, tomando como referência o rosto humano da Pessoa de Jesus Cristo”.

Recorde-se que a festa de São Tiago Menor, cuja importância foi sublinhada pelo bispo do Funchal, remonta ao século XVI, quando a Madeira foi atingida pela epidemia da peste, que causou “grande sofrimento e numerosos mortos”, recordou o prelado. As autoridades religiosas, civis e população numa “atitude de fé e confiança” solicitaram “remédio para tão gravíssima situação” e recorreram à intercessão de um dos doze apóstolos. O eleito acabaria por ser São Tiago Menor.

Já no contexto das celebrações do 1.º de Maio, Dia litúrgico de São José Operário, D. António Carrilho dirigiu-se particularmente àqueles trabalhadores que enfrentam situações difíceis: “Recordo particularmente  os trabalhadores da nossa terra, residentes ou emigrados por outras partes do mundo, em especial os que vivem sem as condições mínimas, os que vivem em regime de trabalho precário, os desempregados, os que sofreram acidentes de trabalho e ficaram diminuídos nas suas capacidades. Todos necessitam de ânimo e coragem para vencer as lutas e dificuldades das suas vidas pessoais e familiares”, sublinhou.

Como nota de reportagem de referir que alguns dos participantes nestas celebrações, que começaram com a procissão junto à capela do Corpo Santo e terminaram na Igreja de Santa Maria Maior com a Eucaristia,  envergaram os tradicionais colares de maios, típicos deste dia.

[atualizado às 13:20]