O Grupo Coral Solidéu nasceu a 28 de agosto de 2015, dia de Santo Agostinho. Foi fundado, pelo Organista e regente André Rodrigues Ribeiro, com quem o Jornal da Madeira falou. A escolha do nome está relacionada com a palavra “Solidéu”, que significa “só para Deus”.
O Grupo iniciou a sua caminhada na Paróquia de São Martinho, na solenização da Eucaristia Dominical. Foram bem-recebidos pela comunidade Paroquial, nomeadamente pelo pároco da altura o cónego Marcos Gonçalves, que “foi e é um grande pilar na construção, na visibilidade e na continuidade deste projeto, podendo agora contar connosco na Sé do Funchal”.
Atualmente o coro é constituído por 12 elementos, distribuídos três sopranos, dois contraltos e um baixo, acompanhados por duas flautas transversais, dois violinos, um clarinete e um órgão.
Desde 20 de Setembro de 2020 que soleniza a Eucaristia Dominical, das 11 horas, na Catedral do Funchal, com transmissão pela Rádio Posto Emissor do Funchal. E a partir de 3 de julho de 2021 passou também a Solenizar a Eucaristia vespertina ao sábado, às 18 horas.
Na altura em que esta entrevista foi feita, tinham aberto inscrições para novos elementos. Continuam abertas?
É verdade. Nós todos os anos, logo no inicio do ano, costumamos abrir inscrições. Estando na Catedral, não podemos nem queremos, ser um grupo fechado por várias as razões. Primeiro, se a Igreja é de todos e para todos, temos de dar oportunidade a quem gosta, e sabe cantar de o fazer. Depois, porque o nosso repertório varia todas as semanas, o que exige que tenhamos matéria humana para isso. Além disso quem quer entrar, entra logo no início do ano e faz a caminhada connosco. Outra razão, é nas grandes celebrações, vermos um grupo composto, embora eu não seja apologista que quantidade é qualidade. Porém, uma coisa é estarmos numa catedral, outra coisa é estarmos numa paróquia. Outra razão ainda para abrimos inscrições é a falta de compromisso, com que nos deparamos. O nosso grupo faz ensaios bissemanais, na Catedral, às terças e às quintas. São ensaios de duas horas. Há semanas que chego a ter todos os elementos num ensaio e na celebração falta um ou outro, outras as vezes há gente que chega ao meu pé e me diz que quer cantar, mas não tem tempo para os ensaios… Não pode ser. Temos de estar comprometidos. De resto, as inscrições continuam abertas. Os interessados só têm de nos contactar através das nossas redes sociais ou do número 965867947.
“O nosso grupo faz ensaios bissemanais, na Catedral, às terças e às quintas. São ensaios de duas horas”.
Por isso sempre foram um grupo pequeno, quase familiar?
É verdade. De resto, nunca pretendemos ser um coro escola, sempre fomos um coro de execução. Somos um grupo cujo estilo é a música sacra, com um cheirinho a música clássica. Procuramos cantar, sempre que possível, a quatro vozes. E depois, como temos instrumentos, os mesmos não repetem as vozes, precisamente por que têm uma harmonia própria. Neste momento concreto, temos três sopranos, dois contraltos e um baixo, acompanhados por duas flautas transversais, dois violinos, um clarinete e um órgão.
“Procuramos cantar, sempre que possível, a quatro vozes. E depois, como temos instrumentos, os mesmos não repetem as vozes, precisamente por que têm uma harmonia própria”.
O organista é também o regente. É complicado exercer os dois papéis?
Tudo vai lá com a prática. São essas coisas que não se aprende no conservatório, que eu fiz, mas não terminei. A necessidade por vezes aguça o engenho. Além disso o que eu não toco com a mão esquerda, porque estou a dirigir, compenso na pedaleira. A vantagem também é ter instrumentação adaptada a essa necessidade.
E depois, às vezes, ainda se juntam os Amigos…
É verdade. Sempre que temos uma cerimónia mais diocesana, mais solene, temos um grupo chamado Amigos, todos profissionais, que se juntam a nós. Eles vêm aos ensaios e depois tocam connosco, porque já nos conhecem, sabem como trabalhamos. Eles próprios são mais uma família, o que torna tudo mais fácil.
Voltando um pouquinho atrás, quem faz as harmonizações?
Umas vezes sou que faço… Não a harmonização, mas a distribuição. Mas para as grandes celebrações aqui na catedral, nós compramos harmonizações, sobretudo a italianos e a polacos. Algumas vezes, quando falamos em grandes celebrações também pedimos ao professor Duarte Ferreira que faça a harmonização, adapte ou reduza as peças de forma a adaptá-las ao nosso coro. De facto e embora também toquemos muitas peças de autores regionais e nacionais é com os estrangeiros que mais trabalhamos neste momento. Eu escuto a música e se gosto entro em contacto com eles e peço. Alguns até cedem gratuitamente o trabalho, a outros temos de pagar. São normalmente trabalhos com orquestração completa, que nós reduzimos e procuramos adaptar aos instrumentos que temos, sempre na tentativa de evitar que o resultado final soe a concerto.
Às vezes a linha que separa as coisas é muito ténue…
Sim é verdade. Só um exemplo, há dias acabamos de tocar o Glória e houve uma senhora que começou a bater palmas. Felizmente, foi a única e calou-se de seguida. É um risco que se corre a assembleia gostar tanto que lhe apetece dar palmas. Nós queremos evitar isso. Aqui na Catedral é sempre difícil manter o equilíbrio entre musicas conhecidas, que as pessoas acompanham e as outras que elas não conhecem, porque isto é uma comunidade com características especiais. Temos turistas, temos pessoas de outras paróquias que vêm ao Funchal e convergem para a Sé e depois temos os paroquianos da Sé. É necessário pensar em todos eles. E sim, continuamos a receber inscrições, basta que os interessados entrem em contacto connosco através das nossas redes sociais ou do número.
Diz-se que quem canta reza duas vezes. Sentem isso?
Sim, completamente. Tanto que o feedback que temos vai quase sempre nesse sentido. No entanto, é quando nós ensaiamos que mais nos arrepiamos com aquilo que estamos a fazer, porque é o primeiro contacto com a música é o ver que, aos poucos, vamos conseguindo chegar lá. É fantástico.
Há muitos coros que gravam CD’s. Já pensaram nisso?
É verdade que muitas vezes as pessoas se abeiram de nós, no final da celebração a perguntar se temos CD. É mais uma forma de termos o tal feedback de que precisamos para continuar a trabalhar. Mas a verdade que esse é um projeto que não faz parte dos nossos planos. Além disso, íamos estar a dar razão aos críticos. Aqueles que dizem que isto é tudo ‘show’, que é anti litúrgico, que é concerto. Temos de saber lidar com essas critica que nos chegam, mas continuar a trabalhar com a consciência de que não é isso que queremos. Muitas vezes somos criticados por causa do repertório que escolhemos ser um repertório novo, que as pessoas não conseguem cantar, que é elitista, mas todo o repertório, toda a polifonia que nós executamos já foi executada para os Papas, desde Bento XVI, João Paulo II ao Papa Francisco, nas suas viagens apostólicas.
“Aqui na Catedral é sempre difícil manter o equilíbrio entre musicas conhecidas, que as pessoas acompanham e as outras que elas não conhecem”
Se distribuíssem as letras das músicas que interpretam, não escapariam a algumas das criticas?
Sim, podia ser que sim se as músicas fossem repetidas mais vezes. Mas vejamos, o coro tem mais de 80 Aleluias e mais 12 Missas Breves, embora estas sejam usadas em ocasiões especiais. Ora se um ano tem 52 fins de semanas, desses um mês é quaresma e não se pode cantar o Aleluia. Se temos 80, temos Aleluias para quase dois anos sem repetir. Depois, aqui na Catedral, tempos uma Assembleia participante mais ouvinte, orante. Não se trata apenas de poupar em papel. Sabemos que as pessoas não usam as folhas durante a missa e acabam por ficar no banco da igreja. A maior parte dos nossos fiéis preferem rezar e participar na oração. Nem todos sabem ler nem sequer ler as pautas. Não é só a cantar que rezamos. O nosso espírito volta-se para Deus mesmo que esteja só a ouvir.
Voltando um pouco atrás, o grupo chega à Catedral, porque acompanha o percurso de alguém que também vos acompanhou desde a primeira hora: o Cónego Marcos…
Estamos aqui desde 20 de setembro de 2020. Foi o próprio Sr. Cónego que nos informou da sua nomeação e nos pediu esta missão de assumir uma celebração fixa todas as semanas. Acabamos por assumir ao domingo às 11 horas, sendo que continuávamos a ir antes a São Martinho, porque não queríamos deixar o nosso “berço” digamos assim. Fizemos isso durante 8 meses. Depois deixamos de o fazer e assumimos mais uma missa na Sé, neste caso a Eucaristia vespertina de sábado, às 18 horas. Tem sido uma bonita caminhada em comunidade e sempre dando toda a nossa dedicação para servir a Igreja e ajudar a Louvar a Deus.