Mártires do século XXI

D.R.

Temos habitualmente a percepção de que os mártires são exclusivos do início do cristianismo ou do tempo das descobertas. Pensamos que, agora, no século XXI, com todas as evoluções e tolerâncias, já ninguém mata por causa da fé — e que já ninguém é capaz de morrer (ou precisa de morrer) por causa da fé!

Não é verdade. No passado Domingo, juntamente com responsáveis de outras Igrejas e comunidades cristãs, o Papa Leão celebrou a memória daqueles que, apenas nestes primeiros 25 anos do nosso século, deram a vida como testemunho da verdade de Jesus e da fé cristã. O número é surpreendente: 1.734 mártires!

À partida, poderíamos julgar que eram, sobretudo, missionários que tinham partido para terras longínquas. Contudo, apenas 110 eram missionários originários do mundo ocidental. A África é hoje a grande terra dos mártires (643); segue-se a Ásia (357), a América (304) e o Médio Oriente (277). E se julgamos que a Europa se encontra fora destas estatísticas, enganamo-nos: 43 foram os europeus que, nesta por vezes dita “cristianíssima Europa”, foram mortos por causa da fé em Jesus, desde o ano 2000 para cá!

“Mulheres e homens, religiosos e religiosas, leigos e sacerdotes, que pagaram com a vida a fidelidade ao Evangelho, o compromisso com a justiça, a luta pela liberdade religiosa onde ela ainda é violada, a solidariedade com os mais pobres”, disse o Papa durante a celebração. E acrescentou: “Segundo os critérios do mundo, eles foram derrotados. Na realidade, como nos diz o Livro da Sabedoria: «Se aos olhos dos homens foram castigados, a sua esperança estava cheia de imortalidade» (Sab 3, 4)”.

O seu sangue continua, para a eternidade, a proclamar a verdade da fé!