Jubileu: Paróquia das Eiras promoveu conferência sobre a temática da saúde e do cuidado aos doentes

Foto: Duarte Gomes

A propósito do Jubileu da Saúde, que decorreu no dia 4 de abril, a Paróquia das Eiras promoveu, no domingo, 5 de abril, uma conferência sobre a temática da saúde e do cuidado aos doentes.

Para além de D. Nuno Brás, que também presidiu à Eucaristia que antecedeu o evento, foram oradoras Dolores Quintal e Graça Alves.

Em declarações ao Jornal da Madeira Dolores Quintal explicou que este é um a tema pertinente, especialmente porque o Jubileu é dedicado à Esperança e “enquanto à vida há Esperança”. 

De resto, explicou, “nós os profissionais de saúde vivemos isso todos os dias e para nós festejar a esperança é uma coisa muito significativa”.

Com a população cada vez mais envelhecida Dolores Quintal considera que o Estado tem uma parte de cuidados que lhe compete, mas é de opinião que “são as próprias pessoas, a família em primeiro lugar, que têm de assumir esses cuidados”. 

A propósito deu-se a si própria como exemplo referindo que “Já vivemos situações de vida e sociais mais difíceis que as atuais e na minha família sempre cuidamos dos nossos idosos”. Tem a ver “com amor, com a esperança e com o percurso de vida”.

“Quando nós passarmos a funcionar um bocadinho mais com o nosso interior e estivermos mais ligados a Deus conseguiremos ter tempo para tudo, e o que as entidades nos dão vai ter uma maior relevância porque vai ser aproveitado da melhor maneira”.

Já Graça Alves, também em declarações ao nosso Jornal, disse que iria falar sobre o Jubileu e como ele pode ter interferência nas nossas vidas e neste caso “de quem sofre e de quem cuida, toda esta questão da misericórdia, os sinais que o Jubileu nos dá para que de alguma forma possamos mudar a vida e esta oportunidade que temos de mudar a vida, de renovar, de fazer sempre novo, sempre diferente e sempre melhor”.

Num mundo em que temos cada vez mais de cuidar uns dos outros “este encontro faz todo o sentido, porque é mais abrangente e porque, na verdade todos somos cuidadores e cuidados em algum momento da nossa vida e temos de perceber, por um lado a humildade de se deixar cuidar e por outro o facto de não termos tempo para as pessoas”.

Por essa razão, sublinhou a nossa interlocutora, “é cada mais importante haver estas oportunidades para percebermos a importância de ter vagar para o outro que a nossa vida tão acelerada por vezes não permite”.

Por último usou da palavra o bispo do Funchal. E fê-lo para falar de vícios, como por exemplo o de tomar café, e como “os vícios são uma das provas da existência de Deus, primeiro porque nos mostram como nós somos limitados e porque nos mostram que as realidades deste mundo não são capazes de satisfazer o meu desejo de felicidade, porque eu tenho necessidade de ser feliz para sempre”. 

No fundo, explicou, “os vícios mostram-nos que precisamos de algo mais, preciso de alguém mais, para podermos ser felizes para sempre”. Mas, ao mesmo tempo, ”imbicamos que vamos morrer” e que tudo acaba com a morte. 

No entanto, “houve um homem que foi morto sepultado e que ao terceiro dia ressuscitou e nos veio dizer que há algo depois da morte, que não é um sonho, mas algo muito real, de alguém que esteve morto e venceu a morte”.

Um homem que apareceu a tantos incluindo a São Paulo, como se ouviu na segunda leitura deste mesmo domingo e cuja vida mudou completamente a ponto de São Paulo a querer gastar todas as suas forças para ir ter com Ele.

O mesmo devemos fazer, nós que nos dizemos cristãos. Claro que “as doenças e a velhice são uma chatice”, mas como dizia São Paulo “o nosso corpo vai envelhecendo, mas o nosso espírito fica cada vez mais jovem porque está mais próximo de Jesus Cristo”.

De resto, vincou o prelado, “a grande sabedoria da velhice é ir pondo de lado aquilo que não interessa” O mesmo se passa com a doença, ou seja, “temos de ajudar os doentes a perceber o que é importante, que aquela doença pode ser importante para ele e para os outros”. No fundo é “ajudar o doente a enquadrar e a viver aquele seu estado de fragilidade num outro contexto”. 

É a isso que “nos ajuda e nos convida o Jubileu Peregrinos da esperança”. A sermos “capazes de olhar para a nossa vida com o horizonte da vida eterna, a sermos capazes de perceber e viver as nossas limitações com um outro sentido, uma outra importância e uma outra oportunidade”. Por isso é importante que percebamos que “a própria doença pode ter um sentido de salvação para si e para os outros”.

Na homilia da Eucaristia que antecedeu esta conferência, de forma resumida, o prelado disse que ainda hoje os milagres acontecem, só que de forma diferente e de algum modo adequados à realidade dos nossos dias. 

Deus reconhece, como se dizia no Evangelho que falava da mulher pecadora, que hoje continua a haver pecados, mas que a conversão é possível e que a fé continua a salvar.