Tecido madeirense

D.R.

Um dos elementos que mais chama a atenção do traje dos grupos de folclore da Madeira é a saia às riscas coloridas, de fundo vermelho. Atualmente é fácil encontrar o padrão desse tecido, aplicado em variadas situações, como indicação da identidade regional. 

 Nesta semana, o sítio da Biblioteca Nacional Digital destacou o livro “A History of Madeira”(William Combe, 1821), onde constam 27 ilustrações coloridas sobre diversos aspetos da vida quotidiana madeirense. Uma delas tem a legenda: “Traje específico de alguns habitantes da parte oeste da Ilha”. Na imagem surge uma mulher com um vestido às riscas coloridas e o homem com calças com o mesmo padrão. Na descrição é referido que “o traje de ambos os sexos têm um carácter pitoresco, tanto na forma como na variedade de cores”. 

 Quando, em 1933, a Câmara do Funchal determinou que as vendedoras de flores deviam usar a indumentária típica, surgiram as saias às riscas coloridas utilizadas pelas mulheres da Camacha. No artigo “Indumentária antiga” (in Das Artes e da História da Madeira,1952), o cón. Fernando de Meneses Vaz descreve com perplexidade esse facto: “Apareceram-nos as camacheiras com saias minhotas e não madeirenses. As saias da nossa terra nunca tiveram riscas de cores de alto a baixo”. 

 Na verdade, cada freguesia parecia ter uma cor preferida. Por exemplo: em Santa Cruz as mulheres usavam saia de lã vermelha, em Santana, as saias eram brancas. Em São Jorge, porém, dá-se uma situação curiosa, as saias eram brancas ou amarelo canário, e “tinham uma barra larga talvez dum terço da sua altura, quase com tantas cores quantas tem o arco iris e bem vivas”, escreve o cón. Fernando Vaz. 

 Embora seja difícil determinar como surgiu o padrão das saias típicas da Madeira, ao encontrarmos as cores da sua composição –  vermelho, azul, verde, branco e amarelo – parece-nos ver a combinação das saias das diversas localidades da Madeira.