O Papa Francisco publicou na quinta-feira passada uma nova encíclica, chamada “Dilexit nos” (“Amou-nos”), na qual convida todos a retomar e a aprofundar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Trata-se de tomar a sério o amor de Jesus como realidade primeira, não apenas da vida cristã e da sua espiritualidade, como também realidade primeira de toda a humanidade.
Deus amou-nos primeiro. E o seu é igualmente um amor definitivo e até ao fim, do qual nada nem ninguém nos pode separar, como afirma S. Paulo na Carta aos Romanos (Rom 8,37).
Vivendo numa “sociedade líquida” — quer dizer: uma sociedade onde tudo se esvai e desaparece como se fosse um líquido por entre as mãos; uma sociedade que não é capaz de viver com alguma coisa de seguro e verdadeiro — vivendo numa sociedade que se comporta desse modo, superficialmente, importa olhar a realidade mais profunda da nossa existência, o coração.
Até porque é ao nosso coração que, definitivamente, nos fala o próprio Jesus. Assim o reconheciam, por exemplo, os discípulos de Emaús, quando diziam um para o outro: “Não nos ardia cá dentro o coração quando Ele nos falava e explicava as Escrituras?”.
Por isso, a cada um de nós o Papa Francisco convida: “O amor de Cristo está fora desta engrenagem perversa [do nosso mundo] e só Ele pode libertar-nos desta febre onde já não há lugar para o amor gratuito. Ele é capaz de dar coração a esta terra e reinventar o amor lá onde pensamos que a capacidade de amar esteja morta para sempre” (218).