Findas as férias retomamos as nossas entrevistas a grupos Corais da nossa diocese. Desta vez, o espaço fica por conta do Coro de São Lourenço. Composto por 17 Pessoas com idades entre os 34 e 74 anos, é um Coro dividido por 3 naipes pessoas comprometidas e empenhadas em honrar o nome do Padroeiro como coro e assim solenizar as Eucaristias, que hoje são muitas mais que eram inicialmente. Vamos conhecer este grupo pela escrita do seu maestro Plácido Pereira.
Há quantos anos nasceu o Coro de São Lourenço e com que objetivos?
– O Coro de São Lourenço nasceu em novembro de 2013, com o objetivo de cantar a Missa Vespertina do segundo sábado de cada mês, apesar de existirem vários grupos na Paróquia, esse sábado não tinha quem solenizasse a celebração. Então foi me proposto pelo nosso antigo pároco Pe. Duarte Gomes, iniciar com a criação de um Coro para a Paróquia da Camacha.
O que levou à escolha do nome do grupo?
– O nome do Coro de São Lourenço surgiu por ideia do André Teixeira conterrâneo da Camacha, por ainda não existir um Coro com o nome do nosso Padroeiro, fazendo com que, hoje em dia tenhamos uma ligação muito forte a São Lourenço, sendo um pilar fundamental no Coro de São Lourenço.
O Coro de São Lourenço é composto por quantos elementos, divididos por quantos naipes? E qual a média de Idades?
– O Coro de São Lourenço é um coro misto, composto por 17 Pessoas com idades entre os 34 e 74 anos, é um Coro dividido por 3 naipes.
O Coro também conta com o nosso violinista em todas as celebrações. Em grandes solenidades temos outros instrumentistas que sempre aceitam com muito gosto colaborar e tornar as solenidades mais ricas e meditativas. Sendo a Orquestra de Bandolins da Casa do Povo da Camacha, um grande apoio nesse sentido, assim como, o flautista, e o organista que sempre respondem ao meu pedido de participação.
“O canto da assembleia litúrgica não é, um rito apenas exterior como também não pode consistir num puro exercício da arte musical (…) é um verdadeiro serviço ao Senhor e à Igreja”.
São poucos elementos? Os suficientes? É difícil ter mais elementos, isto é, é difícil encontrar pessoas comprometidas que aparecem aos ensaios e nas celebrações?
– A Camacha, com grande orgulho posso dizer que é capital da Cultura na Madeira, é uma vila rica em história tradições e costumes, em talentos e pessoas com gosto em aprender e desenvolver a parte artística, desde o teatro, à orquestra de bandolins, desde a banda paroquial aos coros existentes na Paróquia e Casa do Povo, e contando ainda com os vários grupos de folclore ricos em histórias e tradições, que tanto caracterizam a nossa Camacha. Neste contexto, sim existe sempre a dificuldade em pessoas integrar o Coro pelo facto da população se dividir pelos inúmeros grupos que existem. Para todos os grupos é sempre uma mais-valia a aderência da comunidade nos grupos e quantos mais melhor, neste sentido nunca será os suficientes, contudo o Coro de São Lourenço, tem pessoas comprometidas empenhadas em honrar o nome do Padroeiro como Coro e assim solenizar as Eucaristias, que hoje são muitas mais que eram inicialmente. Nestes anos que estou como responsável pelo Coro de São Lourenço tenho tentado sempre a participação da comunidade nas festividades, fazendo a junção de vários grupos da paróquia para um louvor conjunto, tornando assim uma Comunidade que canta e reza ao Senhor.
São um grupo nado e criado na Camacha, mas sei que são convidados a animar Eucaristias fora da paróquia. Isso é bom, é sinal de que outras pessoas reconhecem os vossos dotes…
– Após a entrada do nosso atual pároco em Setembro 2019, Pe. Óscar Andrade, houve alterações na distribuição de missas a cada grupo sendo que o Coro de São Lourenço passou a solenizar a Eucaristia dominical do primeiro domingo de cada mês e a Missa Vespertina do segundo sábado de cada mês criando assim a possibilidade de o Coro ser ouvido por outras pessoas que outrora não conheciam o coro, nesse sentido começou a surgir convites para solenizarmos outras Solenidades dentro da paróquia e fora dela, uma das mais marcantes foi sem dúvida na Sé Catedral, o Encerramento do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa que pela primeira vez aconteceu na Madeira em Novembro de 2022 a convite do atual presidente Duarte Pacheco e nesse mesmo ano através desta ida á Sé Catedral, proporcionou-se a ida á Capela de Santo António da Mouraria na Assembleia legislativa da Madeira para solenizarmos a Missa do Parto.
“O Coro deve ser sempre, a ajuda para a participação da comunidade nas celebrações e nunca o destaque”
Na entrevista que antecedeu estas “conversas” com vários coros falamos com o Padre. Ignácio para traçar uma espécie de panorama geral. Uma das coisas que ele considera menos positiva é os grupos se esquecerem muitas vezes da assembleia e cantarem sozinhos as Missas. O que pensam sobre isto?
– O Coro de São Lourenço tem sempre o cuidado de escolher um reportório conhecido à comunidade, permitindo assim que toda a assembleia presente participe. O canto da assembleia litúrgica não é, um rito apenas exterior como também não pode consistir num puro exercício da arte musical… o canto litúrgico, que não busca exibicionismos e que sabe integrar-se adequadamente nas celebrações, é um verdadeiro serviço ao Senhor e à Igreja. Santo Agostinho dizia: “cantar é próprio de quem ama”.
O Coro deve ser sempre, a ajuda para a participação da comunidade nas celebrações e nunca o destaque, para serem realmente vividas e sentidas a comunidade deve participar e cabe aos coros das paróquias esse trabalho.
Assim sendo, estou completamente de acordo com as palavras do Pe., Ignácio Rodrigues, que além de compositor de lindas obras musicais litúrgicas, sempre foi um grande impulsionador da música litúrgica aqui na Madeira, sempre com muita humildade e verdadeiro serviço a Deus e á Igreja.
Domingo dia 14 de Julho houve o evento Camacha de Ontem Madeira de Sempre uma iniciativa da ADESCA na qual já por duas vezes foi-nos proposto a solenização da Eucaristia que é integrada no evento, a qual fizemos questão a que todos os participantes e grupos existentes integrassem o Coro, o que tornou a celebração mais viva e cheia de emoções ao recordar Cânticos muito antigos, foi uma celebração toda ela cantada por toda a comunidade e de uma beleza estrondosa, o que vem a confirmar as palavras do nosso amigo Pe. Ignacio. Cânticos que todos conhecem e fáceis de serem cantados, leva a participação de todos os Fiéis nos momentos da Eucaristia.
“Na Camacha existe uma grande participação de toda a comunidade nas celebrações, assim sendo, temos sempre cuidado no reportório”
Têm então o cuidado de manter um reportório que possa permitir à assembleia participar, até porque como se diz quem canta reza duas vezes.
– Sim, o Coro de São Lourenço através do Secretariado Nacional de Liturgia consegue elaborar os seus reportórios seguindo sempre a Liturgia própria do Dia, dentro disso tentamos sempre colocar o que é conhecido. Na Camacha existe uma grande participação de toda a comunidade nas celebrações, assim sendo, temos sempre cuidado no reportório, e nas celebrações mais festivas colocamos nos bancos, folhas com os cânticos, como que um apelo à participação de todos. Colocar uma folha com os cânticos a todos é dispendioso, o que faz com que só o consigamos fazer em celebrações mais festivas, e é sem dúvida uma forma de todos participarem e aprenderem as letras e as melodias.
Que planos têm para o futuro?
Neste momento vamos nos preparar para a Grande Solenidade do nosso Padroeiro São Lourenço, a qual todos os anos nos empenhamos com muita devoção. Planos a longo prazo, não temos, estamos onde devemos estar, vamos onde nos querem, e que seja sempre visto com os olhos do Coração e não com beleza e vaidade, pois as Igrejas são locais de culto e adoração, não são auditórios nem salas de espetáculo. Sei que muitos dos aplausos que recebemos são direcionados ao Coro, contudo estou eternamente grato pelo apoio e carinho de toda a comunidade paroquial da Camacha, mas entrego cada e todo o aplauso a Deus e a São Lourenço, para que nos dê sempre fé, força e coragem para que o nosso serviço seja fiel, humilde e verdadeiro aos olhos de Deus.