Papa apela a cessar-fogo no Médio Oriente: “a vingança seja desarmada pelo perdão”

Francisco pediu às partes envolvidas que evitem a amplificação do conflito, rezando ainda pela paz noutras geografias do mundo 

O Papa apelou hoje, no Vaticano, ao cessar-fogo no Médio Oriente, instando as partes envolvidas a evitar que o conflito “se amplie”.

“Continuo a seguir com grande preocupação a situação no Médio-Oriente. Reitero o meu apelo a todas as partes envolvidas para que o conflito não se amplie e cesse imediatamente o fogo em todas as frentes especialmente em Gaza, onde a situação humanitária é gravíssima” e “insustentável”, afirmou o Papa, no final da primeira audiência pública semanal após a pausa de verão, nas últimas semanas.

O Papa rezou ainda para que “a procura sincera da paz extinga as contendas, o amor vença o ódio e a vingança seja desarmada pelo perdão”.

Na intervenção levada a cabo na Sala Paulo VI, Francisco pediu a oração para várias geografias em guerra, nomeadamente a “martirizada Ucrânia”, Myanmar, Sudão, para que possam encontrar “a tão desejada paz”.

O Paquistão e o Afeganistão foram também visados pelo Papa, que reza pelo fim das discriminações étnicas, especialmente a discriminação contra as mulheres.

Durante a catequese, dedicada ao Espírito Santo, o Papa Francisco partiu do dado fundamental da fé, estabelecido pela Igreja no Concílio Ecumênico de Constantinopla do ano 381 que definiu a divindade do Espírito Santo.

“Este artigo entrou na fórmula do ‘Credo’, que se chama precisamente Niceno-Constantinopolitano, e é o que recitamos em cada Missa. Afirma que o Filho de Deus ‘se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem’”, assinalou.

“É, portanto, um fato ecuménico de fé, porque todos os cristãos professam juntos esse mesmo símbolo de fé”, acrescentou.

Segundo Francisco, “este artigo de fé é o fundamento” que “permite falar de Maria como da esposa por excelência, que é figura da Igreja”

O Papa debruçou-se ainda sobre os verbos “conceber” e “dar à luz”.

“Maria primeiro concebeu, e depois deu à luz Jesus: primeiro acolheu-O em si, no seu coração e na sua carne, e depois deu-Lhe à luz. Isto também acontece com a Igreja: primeiro acolhe a Palavra de Deus, deixa-a “falar-lhe ao coração” (cf. Os 2,16) e “encher o seu estômago” (cf. Ez 3,3), segundo duas expressões bíblicas, para depois dá-la à luz com vida e pregação”, indicou, citado pela Sala de impresna da Santa Sé.

Francisco fez referência ao Anjo que anunciou a Maria que conceberia e daria à luz um filho.

“A Maria, que perguntava “Como se fará isso, pois não conheço homem?”, o anjo respondeu: “O Espírito Santo descerá sobre ti” (Lc 1,34-35). Também a Igreja, confrontada com tarefas que ultrapassam as suas forças, faz naturalmente a mesma pergunta: “Como isto é possível?”. Como é possível anunciar Jesus Cristo e a sua salvação a um mundo que parece procurar apenas o bem-estar neste mundo?”, destacou.

Perante cerca de 5000 pessoas presentes na audiência, o Papa salientou que cada um, por vezes, na vida, se encontra em situações que ultrapassam as próprias forças levando à questão: ““Como posso lidar com esta situação?”.

“Ajuda, nestes casos, recordar e repetir para si mesmo o que o anjo disse à Virgem antes de a deixar: “A Deus nenhuma coisa é impossível” (Lc 1,37). Irmãos e irmãs, retomemos nós também então, sempre, o nosso caminho com esta reconfortante certeza no coração: ‘A Deus nenhuma coisa é impossível’”, concluiu.

LJ