Cartas de amor: Fundação AIS assinalou em todo o mundo a 7 de Junho o Dia do Benfeitor

Foto: AIS

No dia 7 de Junho, a Fundação AIS assinalou a nível internacional o Dia do Benfeitor. A Irmã Joséphine Toyi, a superiora-geral das Irmãs Bene Tereziya, no Burundi, escreveu uma carta a agradecer toda a ajuda que recebeu ao longo dos últimos anos graças à generosidade dos benfeitores desta instituição. É mais do que uma carta de agradecimento. É uma carta de amor a todos os que são a alma da AIS… E muitos dos que a ajudaram estão em Portugal.

“Nasci em Mugera, em Dezembro de 1970, dois anos antes da crise política que provocou a morte de muitos membros da minha família.” É assim que começa a carta da Irmã Joséphine. A crise política que refere está na base, está na origem de um conflito maior, brutal, que levou ainda quase duas décadas a rebentar e que ficou conhecido como o Genocídio do Ruanda. Foi em 1994. Durante apenas 100 dias, nesse ano, logo após o derrube do avião em que viajava o presidente do país, houve uma matança generalizada da população tutsi. Foram os hútus contra os tutsis. Cerca de 800 mil tutsis perderam a vida, foram assassinados. Foi logo após esses meses de horror que Joséphine tomou a decisão que haveria de mudar a sua vida para sempre. Em Agosto de 1996, ela dá entrada, como consagrada, para o Instituto das Irmãs Tereziya. “Dar amor por amor, deixando-me ‘consumir’ como um pequeno pão dado àqueles que Jesus coloca no meu caminho”, escreve agora na carta enviada à Fundação AIS. Uma carta em que conta, com algum pormenor, como a sua vida se iria cruzar com a Ajuda à Igreja que Sofre. “Sete meses depois dos meus primeiros votos – a 14 de Março de 1997 –, foi-me dada uma dispensa especial para ir estudar filosofia e depois teologia, nos seminários maiores de Bujumbura e Guitega. Deus é verdadeiro e ‘não nos dá sonhos impossíveis’, mas eu precisava de uma bolsa de estudos”, escreve. Depois de rezar uma novena a Santa Teresinha do Menino Jesus, dirigi-me à Fundação AIS que aprovou o meu pedido, primeiro para uma licenciatura em filosofia, e depois para estudar teologia no Burundi.”

Doutorada em teologia

Mas os estudos não se ficaram por aqui. Como havia falta de evangelizadores formados no Burundi, a Fundação AIS continuou a apoiar a irmã, financiando a sua especialização em teologia espiritual, o que a levou à Faculdade Pontifícia Teresianum, onde obteve uma licenciatura e um doutoramento em teologia espiritual. E assim, com o apoio da AIS, tornou-se numa das primeiras mulheres no Burundi a conseguir um doutoramento em teologia. E hoje, quando olha para trás, quando avalia cada um desses momentos, cada uma dessas oportunidades, a Irmã Joséphine só tem palavras de agradecimento. “Como é que eu teria podido cumprir a missão que me foi confiada após os meus estudos, entre 2011 e 2019, de supervisionar a formação inicial e contínua no Instituto das Irmãs Bene Tereziya, bem como noutras instituições religiosas do Burundi? Como é que eu teria podido dirigir mais de 50 sessões e vários retiros, um centro para religiosas consagradas e retiros, sem esta formação financiada pela Fundação AIS? Quantas vocações foram despertadas, fortalecidas e iluminadas graças a vós, queridos benfeitores da Fundação?”

Fazer os outros felizes

Mas a história não terminou aqui. Em Julho de 2019, vai fazer agora cinco anos, a Irmã Joséphine Toyi foi eleita superiora-geral da sua comunidade que agrega já 430 religiosas. É mais trabalho, é mais responsabilidade, mas é com alegria, sempre com muita alegria, que assume todos os desafios. “Quando somos felizes na nossa vocação, tudo o que queremos é fazer os outros felizes também”, diz na carta enviada aos “queridos benfeitores” da Fundação AIS. “Esta é uma alegria que partilho com a Fundação AIS, que vê os seus ‘filhos’ crescer e partir para ajudar outros a crescer também! E a Fundação AIS não só me formou, como também continua a acompanhar a minha missão, que enfrenta inúmeros desafios. Como poderia ter servido a Deus e ao Instituto sem a formação e o acompanhamento paciente da fundação pontifícia, como o de uma mãe que ouve o sofrimento do Povo de Deus, dos doentes nos hospitais, dos jovens sem instrução, dos catecúmenos, dos atribulados que precisam de repouso e de se fortalecer, dos missionários no Chade, nos Camarões e na Tanzânia? Quão grande é o alcance dos vossos esforços, meus queridos amigos da Igreja que Sofre!” A carta, que o secretariado português da Fundação AIS faz questão de divulgar hoje, dia 7 de Junho, Dia do Benfeitor da instituição, termina com um compromisso maior. A certeza de que, todos os dias, na família da AIS, os benfeitores são sempre lembrados nas orações de todos os padres, de todas as irmãs, de todos os catequistas e seminaristas que já foram ou que estão a ser ajudados. É uma corrente de oração sem fim. É um ‘obrigado’ dito de verdade em todas as línguas. “Obrigada, queridos benfeitores que sustentam a Fundação AIS, por permitirem que Jesus realize este milagre de ressuscitar o mundo! Rezamos por vós todos os dias!” É a certeza de que o amor com amor se paga…

Paulo Aido