Por muito que nos custe — gostamos de ser nós a resolver os nossos problemas e a não depender de ninguém para isso — a humanidade (e a Igreja) não se podem salvar a si mesmas. A história da humanidade, em cada dia e no seu todo, é evidência desta verdade.
Somos capazes de resolver muitos problemas técnicos e científicos; somos capazes de curar muitas doenças e de resolver muitos problemas existenciais e psicológicos. Somos capazes até de progredir em propostas de vida mais humanas. Mas não somos capazes de nos salvar. Não somos capazes de nos dar (a cada um e a todos) um sentido e um fim que sejam dignos do nosso viver humano — o mesmo é dizer: não somos capazes de nos dar a vida eterna.
É verdade que a medicina e as conquistas científicas têm prolongado a nossa vida. Mas jamais nos darão a eternidade. Mesmo para as mentes mais férteis em imaginação, a morte (tal como a vida e o seu início) constituem um mistério insondável, que sempre nos recordam a necessidade que temos de Deus.
É verdade: precisamos de Deus e precisamos de quem nos recorde isso a cada momento. Precisamos de um Salvador que é Jesus (e não existe nem existirá outro melhor, porque apenas Ele é o Deus feito homem). Precisamos do alimento de vida eterna que é a Eucaristia e precisamos de quem constantemente nos recorde que somos incapazes de “fabricar” a salvação.
Como se costuma dizer na minha terra: “não é defeito, é feitio”. Sim: não é qualquer coisa que nos falte. Somos deste modo, com esta sede de infinito. Como reconhecia Santo Agostinho, “Criaste-nos para Ti, Senhor; e o nosso coração anda inquieto, enquanto não repousa em Ti”.