Hospitaleiras a caminho do centenário: Bispo diz que não nos podemos contentar com a celebração de datas

Foto: Duarte Gomes

“Não nos podemos contentar só com a celebração de datas” porque “o caminho a realizar ainda é grande e não podemos desistir”. As palavras são de D. Nuno Brás e foram proferidas na manhã desta quinta-feira, dia 9 de maio, na abertura do centenário da presença das Irmãs Hospitaleiras, na Região. 

Para além de um ano de festa, o prelado desejou que este possa ser também “um ano de chamada de atenção para esta realidade [Psiquiatria e Saúde Mental, Deficiência Intelectual e Reabilitação Psicossocial] que marca sempre o nosso modo de viver e o nosso modo de estar em sociedade e que, por isso mesmo, precisa de respostas”. 

O bispo diocesano desejou ainda que “este ano de centenário marque também uma presença e uma manifestação do carisma das Irmãs Hospitaleiras aqui na nossa ilha, não apenas porque a ilha lhes está muito reconhecida, mas sobretudo porque são precisas mais irmãs hospitaleiras”.

“100 anos a Cuidar” 

Subordinadas ao tema “100 anos a Cuidar”, as celebrações começaram com uma missa presidida pelo Bispo do Funchal, D. Nuno Brás. Esteve presente o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, e o presidente demissionário do Governo Regional, Miguel Albuquerque e outros membros do executivo.

Uma oportunidade para o prelado sublinhar a necessidade que temos de ser anunciadores urgentes, porque o tempo é pouco, do Evangelho, cuja “boa nova é importante para todos” e de não o fazermos de forma solitária, mas comunitária. Algo que é, desde sempre, uma marca do cristianismo dos discípulos do Messias, que não quer estar longe de nós, mas quer partilhar a nossa vida.

Tal qual as Irmãs Hospitaleiras, que partilham a sua vida com todos aqueles que delas precisam e “por quem hoje damos graças pela sua presença na nossa ilha, por a    quilo que elas são como comunidade, presença de Igreja, desta realidade do Evangelho em que todos somos membros de Cristo e por isso membros uns dos outros”.

“Pedimos que outros cem anos elas possam aqui estar, não apenas com a competência técnica que as concretiza, mas de um modo muito particular com esta presença de Deus que se faz homem em nós em Jesus Cristo”, vincou.

Por sua vez a Irmã Fernanda Esteves, Superiora da Comunidade da Casa de Saúde Câmara Pestana, durante a celebração, deu “graças pelo caminho percorrido desde as origens” e por este “dia especial com o qual assinalamos a vida percorrida nesta casa desde o dia 9 de maio de 1925”. 

A religiosa aproveitou ainda para agradecer a todos quantos “ao longo destes 99 anos de serviço testemunharam a vida, o carisma e a missão hospitaleira: ser para o Irmão que sofre”.

O que diz a história

As Irmãs Hospitaleiras vieram para a Madeira a convite da Junta Geral do Funchal, na pessoa do Dr. Vasco Gonçalves Marques, para assumirem a gestão do então ‘Manicómio Câmara Pestana’, que se encontrava num profundo estado de degradação, tanto em relação às estruturas físicas, como no que diz respeito ao cuidado das 31 doentes que se encontravam internadas. 

Passados 13 anos da entrega da Casa de Saúde às Irmãs, em 1938, o Dr. Vasco Marques visitou a Instituição e deixou registado no Livro dos Visitantes ter cumprido “um dever de humanidade ter entregue o Manicómio às admiráveis Irmãs Hospitaleiras…!”, refere um comunicado da instituição.