No chão do adro da igreja da Ribeira Seca encontram-se oito datas alusivas à história da paróquia. Entre elas, a referência ao ano de 1974.
O Jornal da Madeira falou com o padre Martins Júnior a propósito do seu livro “Calhaus falantes, pedras cantantes. Episódios de uma história suburbana”, no qual explica cada um desses momentos históricos.
Sobre o 25 de abril diz, “foi uma explosão de alegria, de progresso, porque a colonia, os senhorios não deixavam o caseiro fazer fosse o que fosse nas suas casas. Nem sequer mudar a palha pela telha. Não deixavam fazer mais um quartinho ao lado para os filhos, quando cresciam”.
O padre Martins lembrou a situação em que o povo se encontrava, “não havia estrada nenhuma, era tudo caboucos, veredas. Não havia luz elétrica. Não havia água potável. Foi uma luta terrível”.
Antes de 74, o povo começou a fazer versos que eram musicados pelo padre, por exemplo: “A Senhora do Amparo / já está muito magoada / de ver os paroquianos / beber água da levada”.
“Se Machico é a terra de abril, a Ribeira Seca foi o epicentro da consciencialização, da interiorização em cada pessoa do espírito e do corpo de abril. Ganhámos uma má fama por parte dos poderes instituídos”, referiu.