D. Francisco Santana – Um Bispo de 74… 

D. Francisco Santana | D.R.

Muitas serão as vozes, uns a favor e outros contra, mas não podíamos deixar de partilhar, neste ano em que muito se tem falado e muito se haverá de falar sobre os 50 anos do 25 de Abril de 74. Na Diocese do Funchal, por ser uma ilha, ou melhor, um arquipélago, em nada em menor escala se viveu esse tempo quente de mudança de um regime ditatorial para um caminho da liberdade e de regime democrático.  Para essa mudança as pessoas é que contribuem, com o seu empenho, presença e luta pelas liberdades da mesma. Por isso não podemos afirmar ou simplesmente simplificar dizendo que o 25 de Abril se deve a esta ou aquela figura, é mais deste regime sindical, ou dos reformistas, é dos de esquerda ou direita ou mais dos autonomistas, é feita só por militares ou grupos visionários. A reforma dá-se quando as pessoas contribuem para que o mesmo aconteça em momentos de maior liberdade de expressão ou muitas vezes na clandestinidade e hoje em dia sob a forma de “anónimo”. 

Não querendo desvalorizar todos aqueles que foram protagonistas nesses dias tão vivos de 74, hoje simplesmente faço referência a uma figura incontornável de quem temos de fazer memória. Para uns era uma figura desconhecida, para outros não tão desconhecido assim, pelos contactos que tinha, seja pela sua acção na Pastoral do Mar, quer pelo acolhimento de alguns sacerdotes e até convívio com seminaristas e sacerdotes da nossa Diocese do Funchal. A figura de D. Francisco Santana é algo que marcará a Diocese do Funchal pelas mais diversificadas opções. Hoje simplesmente faço memória desta figura pois foi há 50 anos que saía, no dia 18 de Março de 1974, a nomeação do então Padre Francisco Santana, diocese de Lisboa, para bispo da Diocese do Funchal. Recordo que os dois matutinos fizeram referência a esta nomeação. O Diário de Notícias irá fazer uma referência em 22 de Março de 1974, na página principal, onde descreve a figura e a missão pastoral que tinha tido no Patriarcado de Lisboa e o Jornal da Madeira, também nesse dia 22 de Março de 1974, na página principal, faz referência à figura do bispo recém nomeado e às trocas de telegramas de cumprimentos. Destaco que no Jornal da Madeira, na pág. 3, a certa altura diz na entrevista: “Sorridente afirmou-nos que era também era pároco do Funchal «Todos os portos portugueses fazem parte da minha freguesia»”, não podemos esquecer que era pároco da Paróquia de São Paulo, no Patriarcado de Lisboa. 

Recordo que D. Francisco Santana, tinha estado nesse mesmo ano na nossa Diocese do Funchal com então Patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro para a ordenação episcopal de D. Maurílio de Gouveia, onde foi diácono assistente do Patriarca, em 13 de Janeiro de 1974. 

Com estas simples palavras apenas quero recordar a data da nomeação episcopal de D. Francisco Santana pois sobre toda a sua pastoral e decisões haverá outros textos que haverão de falar sobre o mesmo e sobre todo o seu episcopado nesta diocese onde se viveu tão intensamente e até na exposição de ideias tão diferentes dum clero que não era resiliente e numa diocese que confrontada com as novas realidades sentidas queria chegar e informar a todos da grande alegria que era a Liberdade, a Democracia e a riqueza do recente Concilio Vaticano II. 

Pe. Hugo Gomes