Quando regressamos de uma viagem, trazemos connosco a vontade de partilhar as experiências vividas, os novos lugares que passamos a conhecer, as pessoas que encontramos. Mostramos fotografias e relatamos episódios. Trazemos as emoções à flor da pele.
Foi este o sentimento que me acompanhou ao ler o livro escrito pelo Pe. Aires Gameiro, “50 Dias por Timor-Leste”. Parecia que o autor tinha acabado de chegar de uma viagem, trazendo um manancial de histórias para partilhar. E mais do que isso, queria revelar uma descoberta! Na verdade, o subtítulo da obra diz: “A desvendar o código da sua identidade”.
Ao longo do livro encontramos muitas questões: “Porque é que Timor está vivo e existe como país?”, “Como é que Timor não foi tanta coisa que poderia ter sido e lhe quiseram oferecer e impor?
Na procura de respostas, o autor tenta perceber “um desígnio de sentido” (superlógica ou supersentido), para a identidade do país, chegando à fórmula “LCJ6IC8S”. É este o código que explica a identidade de Timor-Leste, segundo Aires Gameiro.
Um dos episódios que contribuiu para a formulação deste código aconteceu no dia 25 de junho de 2008, “fomos detidos por uma procissão popular com imagem do Sagrado Coração de Jesus, sem o sacerdote, mas ordeira, com velas e multidão a cantar cânticos religiosos em português e tétum. Mesmo sobre a ponte, as forças vivas de um bairro fizeram a entrega da Imagem ao outro bairro com cânticos, discursos inflamados e recitação de poesias”.
O método utilizado pelo autor, ao longo das duas viagens a Timor-Leste (2008 e 2012), foi “estar, contactar e visitar”. Através do livro, o autor convida-nos a fazer esta viagem, não só ao território, mas também à alma do país.