No início deste mês foi lançada em Lisboa a oportuna reedição da obra “Repensar Portugal”, do Pe. Manuel Antunes, jesuíta.
A primeira edição, publicada em 1979, reúne os textos que o autor escreveu para a revista “Brotéria”, após o 25 de abril de 1974. Quase 50 anos depois da Revolução dos Cravos, as palavras do Pe. Manuel Antunes continuam a ser de extrema atualidade.
“A democracia é preciso merecê-la (…). A democracia é necessária traduzi-la, pelo esforço de todos – mas sobretudo daqueles a quem assiste maior responsabilidade política, social, económica e cultural – a democracia é necessário traduzi-la nos factos e nas instituições que objectivem e encarnem a verdade, a justiça, a fraternidade e a liberdade”, escreve em maio de 1974.
No texto intitulado “Que democracia para Portugal”, afirma que “o passado não pode voltar e o presente não deve continuar”. Nesse artigo, aponta para os problemas do país na sua época. As assimetrias e os dualismos de fundo, “dos salários reais, demasiado altos uns, demasiado baixos os outros”.
“É o descrédito – terrivelmente perigoso – de uma classe política, pouco preparada, que rapidamente ascendeu e, não menos rapidamente está a declinar a olhos vistos, devido à incompetência, ao oportunismo, ao demagogismo e à excessiva partidarização dos seus quadros. É o desencanto ante o muito que se prometeu, no concernente à saúde, à educação, aos transportes, às assimetrias regionais, à habitação, ao nível e estilo de vida, à justiça social para todos, o muito que se prometeu e o muito pouco que se realizou em todos esses domínios”.
Para o autor, é preciso “interiorizar os valores da democracia” e elevar o estado moral da Nação.