No arranque da estação do outono, mais precisamente entre os dias 25 de setembro e 2 de outubro, um grupo de leigos, da Diocese do Funchal, acompanhados pelo Bispo D. Nuno Brás e o Cónego Vítor Gomes, realizou uma peregrinação memorável às principais cidades do antigo Império Austro-Húngaro, sob o título “Nos Caminhos de Carlos I da Áustria”.
Imbuídos de curiosidade e de grande expetativa, partimos bem cedinho até à República Checa ou Chéquia, onde nos esperava a guia Piroska, que acompanhou, ao longo dos oito dias programados, esta magnífica viagem.
De referir que das quatro capitais a visitar, Praga foi a primeira, onde tivemos a oportunidade de conhecer, na parte mais alta da cidade, uma estrutura megalómana, que integra alguns dos símbolos mais marcantes desta bela cidade, nomeadamente o Castelo de S. Vito com os seus majestosos vitrais, o Palácio Real Velho, a Basílica de S. Jorge e a ruazinha do ouro, onde se encontra a casa de Franz Kafka.
Seguidamente, descemos até à histórica Ponte de Carlos ladeada de belas esculturas, nomeadamente a imagem de São Venceslau, de São João Nepomuceno, entre outras. Prosseguindo o passeio deste dia, dirigimo-nos até à Igreja de Nossa Senhora da Vitória e Santo António de Pádua, onde se encontra a famosa imagem do Menino Jesus de Praga. De realçar que ao longo do ano, a imagem do Menino Jesus é vestida com diferentes trajes, conforme as cores do ano litúrgico, sendo a mais importante, a veste de cor verde, bordada de ouro e costurada pela própria Imperatriz Maria Teresa. Diariamente, ocorrem a este local fiéis do mundo inteiro, que vêm fazer as suas preces. De salientar a visita do Papa Bento XVI, no dia 26 de setembro, do ano 2009, a este local sagrado.
Antes de chegarmos à Praça Velha, onde se encontra o famoso relógio, instalado na antiga Câmara, com as figuras móveis dos doze apóstolos, foi possível observar um mural intitulado “Lennon Wall”, apelando à liberdade e à paz.
No dia seguinte, dia 27 de setembro, efetuámos um pequeno périplo pela antiga capital da Hungria, Bratislava, sendo o Beato Carlos o último rei. De destacar a igreja de S. Martinho e o rio Danúbio, segundo maior rio do mundo.
O quarto dia da nossa visita centrou-se na bela cidade de Budapeste, capital da Hungria. Com um belo dia de sole ruas cheias de visitantes, percorremos a Praça dos Heróis, dedicada à história da Hungria, o Castelo de Vajdahunyad, a Ópera Estatal húngara, assim como o Edifício do Parlamento húngaro e a Basílica de Santo Estevão, considerada a maior igreja da cidade, onde ficámos maravilhados com a imagem de Santa Isabel.
De assinalar que esta bela cidade se encontra dividida em duas partes: Buda, a parte mais antiga e rica com residências da alta sociedade e embaixadas; Peste, onde se encontra a maior parte dos hotéis, zonas residenciais e comércio.
Antes de terminar este dia, ainda nos foi possível visitar a magnífica Catedral de São Matias, o Mercado Central e, após o jantar, um passeio inesquecível pela cidade com as pontes e alguns edifícios iluminados, proporcionando um outro olhar sobre este magnífico local.
Na sexta-feira, dia 29 de setembro, realizámos uma visita a Szentendre, conhecida pelo seu artesanato, subimos até ao alto de uma montanha pincelada de tonalidades verdes, onde desfrutamos de uma bela vista sobre o Danúbio. Para finalizar este lindo dia, dirigimo-nos até ao santuário de Ezstergom e visitámos o museu diocesano.
Prosseguimos a nossa visita, rumo à capital da Áustria, cidade repleta de históricos palácios, onde visitámos a catedral de Santo Estevão, o Palácio Imperial de Hofburg, o Parlamento, a Ópera e a singular e bem colorida casa de Hunderwasser. Após o jantar, tivemos a sorte de viver momentos únicos, numa das muitas casas de ópera, assistindo a um majestoso e inesquecível concerto.
O penúltimo dia, foi, especialmente, maravilhoso com a visita à localidade de Melk, onde tivemos a possibilidade de visitar a grandiosa Abadia Beneditina São Pedro e São Paulo, em estilo barroco. Este espaço é, na verdade, de uma beleza inigualável com interessantes exposições, que contam com o apoio das novas tecnologias. Também tivemos a oportunidade de conhecer uma rica biblioteca, que conta com numerosos manuscritos, autêntico tesouro cultural, que nos deixou a todos pasmados com tão rara beleza e levando na nossa mente a bela e inesquecível máxima beneditina ora et labora et legere (ora, trabalha e lê).
De seguida, realizámos um cruzeiro no Danúbio até Dürstein, vislumbrando algumas montanhas verdejantes, com algumas habitações, igrejas e alguns terrenos com vinhas. Ao chegar à referida localidade subimos até à Igreja de Nossa Senhora da Assunção.
À noite, jantámos na aldeia vinhateira de Grinzing, numa das tabernas típicas com música e vinho regional.
Chegado ao último dia desta inesquecível peregrinação, ainda foi possível maravilhar-se com a sumptuosidade e opulência patentes no Palácio de Schönbrunn, mais conhecido pelo Palácio Sissi, pelo facto de ter sido a sua residência. Aqui vimos uma igreja muito importante na história do Beato Carlos, pois foi neste templo que participou na celebração da Eucaristia, antes de partir para o exílio.
De sublinhar que, nesta bela viagem, para além de todos os conhecimentos adquiridos, quer através das guias, quer através de alguma literatura e visionamento que a nossa atenção e capacidade conseguiram captar e interiorizar, foi gratificante a celebração da Eucaristia diária, assim como a oração do terço, proporcionando-nos momentos de paz, contemplação, louvor e ânimo para as nossas vidas. Agradecemos ao Senhor Bispo D. Nuno Brás e ao Cónego Vítor Gomes, o empenho demonstrado na preparação das homilias, no sentido de ajudar-nos a melhorar a conduta diária. Relembramos algumas expressões, que nos tocaram, de modo especial: “A nossa vida é o rosto de Cristo para os outros”; “Tomar Deus a sério”; “Com Deus, mesmo que a vida seja dolorosa ou bondosa, vivemos mais felizes”; “A importância da educação na vida do ser humano, pois o homem nasce egoísta e será com a ajuda da educação que se tornará altruísta”; “Os anjos são os nossos auxiliadores na obtenção da paz, alegria e salvação”; “A lógica de Deus não é fácil, mas deverá ser procurada a todo o instante”.
Em suma, direcionamos um grande elogio a todos os envolvidos neste evento, que ficará para sempre na memória de todos os seus participantes, onde imperou o respeito, a compreensão, a ajuda mútua, a alegria, o perdão, o bom senso, a boa vontade, a partilha e a serenidade. Todos saímos enriquecidos e levaremos sempre na nossa mente e no nosso coração, sempre com muita gratidão e amor, termos tido a sorte de efetuar esta belíssima peregrinação até ao coração da nossa querida Europa.
Que Deus a proteja!
Beato Carlos, defensor acérrimo da paz, da oração e da caridade, rogai por nós!
Grupo de peregrinos da Diocese do Funchal
