Guarda: Diocese afasta sacerdote e abre investigação

Bispo recebeu lista com dois alegados abusadores, um dos quais falecido em 1980

D.R.

“Por razões cautelares, enquanto se desenrola o processo de investigação prévia, o sacerdote em causa fica temporariamente afastado das suas atividades pastorais, sem que isto possa ser entendido como uma assunção de culpa ou prejudique, de alguma forma, o direito à presunção de inocência”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

O texto sublinha que o padre em causa já tinha sido denunciado, anonimamente, facto que foi comunicado ao Ministério Público pelo bispo da Guarda, D. Manuel Felício.

A diocese refere ainda que um dos acusados morreu em 1980, sendo assim “de todo impossível fazer ainda mais sérias e justas diligências de investigação”.

“Manifestamos o nosso firme propósito de dar todo o apoio a qualquer vítima que pudermos identificar”, acrescenta a nota.

Quanto ao segundo nome, de um padre no ativo, o bispo diocesano solicitou à CI “informação complementar”, que foi recebida esta quinta-feira.

“Os novos dados que hoje [9 de março, ndr] nos chegaram permitem-nos ter os elementos necessários para fazer o processo canónico de investigação prévia, que enviaremos ao Dicastério da Doutrina da Fé e comunicaremos esta mesma informação complementar ao Ministério Público, sempre sob segredo de justiça”, lê-se na nota da diocese.

O bispo tem o direito, desde a abertura da investigação prévia, de impor medidas cautelares – que são um ato administrativo -, entre as quais o afastamento ou proibição de exercício público do ministério.

Manifestamos, mais uma vez, o nosso especial empenho em colaborar com as entidades civis no apuramento de toda a verdade, com a máxima celeridade possível”.

A nota de esclarecimento surge na sequência da entrega de uma lista, pela CI, aos responsáveis católicos de Portugal, no último dia 3 de março, com “nomes de alegados abusadores, referidos nos testemunhos recolhidos” pelo relatório final desta comissão, apresentado publicamente no dia 13 de fevereiro.

“Assumimos o compromisso sério da Igreja em Portugal para erradicar os abusos sexuais de crianças e jovens, porque isto é algo não só devastador para as vítimas, mas também completamente contraditório com aquilo que a Igreja é, com aquilo que é o seu papel e daquilo que ela pretende fazer”, conclui o comunicado da Diocese da Guarda, citando uma recente declaração do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

O Vaticano disponibiliza desde 2020 um “vade-mécum” para ajudar os bispos e responsáveis de institutos religiosos no tratamento de denúncias de abusos sexuais de menores.

OC