“Atravessamos uma época especialmente desafiante” 

João Duque marca presença nas Jornadas de Atualização

O teólogo João Duque vai orientar duas conferências integradas nas Jornadas de atualização do clero, leigos e consagrados da Diocese do Funchal nos dias 24 e 25 de janeiro. 

Ao Jornal da Madeira,  este professor catedrático e pró-reitor da Universidade Católica  referiu que “do ponto de vista cultural, atravessamos uma época especialmente desafiante em relação à dimensão espiritual, nomeadamente através do desenvolvimento das mais variadas formas de espiritualidade, religiosa ou não, cristã ou não”. Neste sentido, considera que “a cultura contemporânea, mais do que materialista é profundamente espiritualista”.

Para o professor João Duque, “a mesma dinâmica que o Espírito implica na Trindade prolonga-se ou espelha-se, numa dinâmica analógica, na comunidade dos humanos, que assim se torna a principal mediação da ação do Espírito no mundo”.

A Jornada de Atualização para leigos e consagrados realiza-se entre os dias 24 a 26 de janeiro, terça-feira  a quinta-feira, às 19h30, na Igreja do Colégio. A inscrição pode ser feita no sítio www.diocesedofunchal.com, pelo número 291741337 ou na paróquia.

Pedras Vivas 22 de janeiro de 2023 (A4)

Pedras Vivas 22 de janeiro de 2022 (A3)

Leia o texto completo do professor João Duque sobre as conferências que vai realizar no Funchal:  

A formação vai incidir sobre o significado atual da profissão de fé em Deus Espírito Santo, por parte dos crentes cristãos.

Do ponto de vista cultural, atravessamos uma época especialmente desafiante para a relação à dimensão espiritual, nomeadamente através do desenvolvimento das mais variadas formas de espiritualidade, religiosa ou não, cristã ou não. Poderíamos mesmo dizer que a cultura contemporânea, mais do que materialista é profundamente espiritualista – e isso é interessante, mas também problemático. Nesse sentido, o primeiro passo da reflexão deverá concentrar-se na compreensão daquilo que pode distinguir e ao mesmo tempo relacionar a noção cristão de Espírito Santo com outras conceções de espírito, ou mesmo com outros “espíritos”.

Tal como já aconteceu noutras épocas da história do cristianismo, um primeiro aspeto desse esclarecimento relaciona-se com o significado do Espírito Santo no âmbito da conceção trinitária de Deus. Ou seja, é importante compreender que o Deus em que os cristãos acreditam não é um Deus simplesmente unitário ou solitário, mas um Deus diferenciado e relacional. Ao mesmo tempo, é importante compreender que essa diferenciação não é simplesmente binária, no circuito fechado entre Pai e Filho, mas uma diferenciação aberta ao terceiro e, nesse sentido, propriamente trinitária. Compreender o que isso significa quanto ao impacto desta conceção de Deus sobre o modo como compreendemos o mundo e os humanos, será a primeira preocupação.

Em consequência disso, exige-se trabalhar aplicações concretas da relação ao Espírito Santo na dinâmica histórica dos crentes. No caso, optarei por me concentrar no significado que a referência ao Espírito possui na construção da comunidade humana, em geral, e na construção da comunidade eclesial, em particular. A mesma dinâmica que o Espírito implica na Trindade prolonga-se ou espelha-se, numa dinâmica analógica, na comunidade dos humanos, que assim se torna a principal mediação da ação do Espírito no mundo.