Uma das expressões que mais urticária causa nos homens e mulheres do nosso tempo é o “para sempre”. Hoje deu-se como assente e seguro que nada é para sempre. Tudo muda a uma velocidade tão grande que aquilo que hoje parece certo e seguro, amanhã pode ser olhado como mentira e fora de moda.
Não é que não vivamos numa sociedade dogmática, bem pelo contrário: hoje, mais que nunca, existe uma boa meia-dúzia de dogmas, de afirmações indiscutíveis. Quem as colocar em causa é imediatamente apontado como retrógrado, conservador, e pode mesmo (em alguns casos) vir a ser condenado pelos tribunais.
Quanto mais não seja, está hoje mais que nunca em voga o célebre “é proibido proibir” que o Maio de 68 nos deixou como o seu legado inquestionável, dogmático. Mas poderíamos encontrar muitos outros dogmas da sociedade actual, ensinados pela rádio, pela televisão ou (sobretudo) pelas redes sociais. Só os dogmas da fé parecem estar fora de moda, olhados como se não fossem importantes, mesmo essenciais…
No meio de toda esta incerteza e de todo esta vontade de mudança, não deixa de ser interessante ver como tantos (jovens e menos jovens) decoram o seu corpo com as marcas indeléveis das tatuagens. Outrora eram sinais de escravidão; depois passaram a ser mostra de rebeldia; agora são a moda — quer dizer: qualquer coisa que nos faz ser iguais aos outros.
Há algumas tatuagens que saem depois de uns banhos bem tomados. Mas a maioria delas são mesmo “para sempre”!… O que é que levará este mundo que tanto gosta da mudança a viver hipnotizado por este fenómeno das tatuagens que gravam na pele um nome, ou simplesmente que lhe acrescentam uma decoração indelével? Não será também um sinal do quanto aspiramos todos à eternidade?