Faltava mais de meia hora para o início de mais uma Missa do Parto na Sé e já o adro da Catedral se encontrava ocupado por diversas motas, devidamente decoradas com motivos Natal.
No interior do templo, aos habituais fiéis iam se juntando alguns dos proprietários das perto de 300 motas, que ali se reuniram no início da manhã deste domingo, dia 18 de Dezembro.
Mais tarde, o cónego Marcos Gonçalves, pároco da Sé, deu a conhecer as intenções da celebração explicando que a mesma seria também dedicada ao Grupo de Motards Unidos. Estava assim explicado o motivo de haver por ali tanta mota.
Tal como estava previsto, presidiu a esta Eucaristia o bispo do Funchal, D. Nuno Brás. Na homilia, o prelado refletiu sobre a 1ª Leitura, que nos falava de Acaz, que se viu perante o dilema grande para ele e para o povo de Jerusalém.
A questão era se ele havia de “fazer aliança com aqueles reis estrangeiros” ou ouvir o profeta Isaías “que lhe dizia para confiar em Deus”.
Acaz, infelizmente, não foi capaz, não teve a coragem “de dar o salto da fé e confiar no Senhor mesmo depois do profeta lhe ter dito que pedisse um sinal de que era verdade que ele podia confiar em Deus” e de lhe dizer que a esposa estava grávida e ia ter um menino.
Mesmo perante este sinal Acaz “preferiu seguir os seus pensamentos, preferiu seguir aquilo que a razão lhe dizia e foi a desgraça de Jerusalém”.
Muitas vezes, continuou o bispo diocesano, o mesmo se passa connosco. Falta-nos a coragem para percebermos os sinais de Deus e eles são tantos, particularmente nesta altura. Aliás, “o próprio Natal é um sinal de que Deus está connosco, de que Deus não desiste de nós”.
Devíamos ser antes como São José que, segundo o Evangelho deste domingo, acreditou nas palavras do anjo e deixou de repudiar Maria por o anjo lhe ter dito que o menino que esperava era fruto do Espírito Santo.
Mas não é assim. Tanto que muitas vezes “achamos melhor que Deus fique lá no céu, sem se meter connosco, com a nossa vida”, sem perceber que Deus quer ser um Deus connosco, na nossa vida concreta”.
Daí o apelo para que “peçamos ao Senhor o dom da fé, o dom de acolher os seus sinais e nos deixarmos interpelar por eles, viver com toda a fé e respondermos como São José que fez como o anjo lhe dissera”.
Antes da bênção final D. Nuno Brás deixou a todos um Santo Natal, particularmente “aos motards que quiseram estar aqui hoje connosco” e que “verdadeiramente Deus seja Deus connosco e aceitemos Deus nas nossas vidas”.
Terminada a Eucaristia D. Nuno Brás veio ao encontro dos motards, que o aguardavam para a bênção dos capacetes e das respetivas motas. Este é sempre um momento emocionante, não só pela fé que os mesmos demonstram, mas também pelo ligar dos motores ao mesmo tempo o que confere ao momento um cariz especial.