“Era um imperativo apresentar esta história”

Irene Catanho escreve livro sobre a Ribeira Seca

Foi apresentado na Feira do Livro de Machico, no dia 5 de maio, o livro “A festa que o povo é”, da autoria de Irene Catanho, com ilustrações de Rafaela Rodrigues. Trata-se de um livro infantojuvenil que conta a história da Ribeira Seca. 

“Era um imperativo apresentar esta história”, disse Irene Catanho ao Jornal da Madeira. “Não me preocupa se as pessoas gostem ou não da Ribeira Seca. Se concordam ou não, com o que se faz na Ribeira Seca. Eu quero que as pessoas saibam o que de facto aconteceu na Ribeira Seca. A partir daí cada um decide, cada um é livre”. 

Sobre o título da obra “A festa que o povo é”, Irene Catanho explicou que quando o Pe. Martins Júnior chegou à paróquia, pôs o povo a cantar. “Para tudo fazíamos uma festa. Lutávamos por muitas coisas. No fim tínhamos sempre uma música pela conquista. Queríamos reivindicar uma coisa, fazíamos uma música para reivindicar. Vivemos uma luta e lutamos, mas em festa, não usámos armas. A nossa arma foi a música. O próprio povo é uma festa”. 

Irene Catanho recorda que “o Pe. Martins veio fazer-nos gente. As pessoas da Ribeira Seca pensavam que eram escravos. A maior parte eram colonos. As terras eram de senhorios. Trabalhavam para levar aos senhorios. Não sabiam que tinham os mesmos direitos. Não sabiam ser gente. Porque nunca ninguém lhes tinha dado essa oportunidade”. 

Quando era criança, Irene Catanho recorda-se que o Pe. Martins Júnior sensibilizava as famílias para a educação dos filhos, para que os pais mandassem os seus filhos para a escola, “Quem não sabe ler nem escrever, quem não aprende, não vai ser ninguém”. A educação era muito importante. “Temos uma frase dele escrita que diz: ‘Só a cultura liberta da mediocridade’, diz Irene Catanho.

Pedras Vivas 12 de junho de 2022 (A4)

Pedras Vivas 12 de junho de 2022 (A3)