Mães Coragem

D.R.

O Dia da Mãe traz sempre consigo um raio de sol que ilumina o cinzento dos dias. Como seria bom escutarmos uma notícia de paz neste dia: “A guerra terminou, os filhos vão regressar ao abraço das suas famílias…”. Mas não! A voz das mães não é escutada. O mundo não as quer ouvir. Perdeu-se a linguagem do amor.

Enquanto o mundo está preocupado com o aumento do gás e dos combustíveis, as mães ucranianas escrevem nas costas dos seus filhos pequenos, a caneta, informações de identificação, caso elas não sobrevivam aos ataques.

“Escrevi com as mãos a tremer muito”, disse Sasha Makoviy, 33 anos. Esta mãe, em desespero, escreveu na pele da sua filha de dois anos os contactos telefónicos enquanto se preparava para fugir de Kyiv.

“Decidi colocar as informações nas costas de Vira porque estava com muito medo. Ela é a coisa mais preciosa da minha vida, então eu não poderia imaginar se nos perdêssemos”, referiu a uma agência de notícias.

“Eu pensei que se eu morresse ela poderia descobrir quem ela é, de que família ela veio e talvez encontrar algumas pessoas familiares que pudessem cuidar dela”.

No sábado passado, 23 de abril, uma jovem mãe morreu num ataque aéreo a Odessa, juntamente com a sua filha Kira de três meses e a sogra.

Uma das últimas mensagens que esta mãe tinha escrito no Instagram foi no dia 5 de fevereiro: “Foram as melhores 40 semanas. Nossa filhinha já tem um mês”, escreveu Valerie Glodan, publicando também uma fotografia dela grávida, olhando para a barriga. “O papá trouxe as primeiras flores. Este é um novo nível de felicidade”.

O marido, Iuri Glodan, destroçado, escreveu: “Minhas queridas, vocês estão no Reino dos Céus e permanecerão nos nossos corações”.

Um conselheiro do Ministro dos Assuntos Internos da Ucrânia ofereceu as suas condolências e escreveu no Twitter: “Um jovem perdeu a sua mãe, esposa e filha na véspera de Páscoa” e acrescentou, “o seu luto é imensurável”.

Na Mensagem para o Dia da Mãe, a Comissão Episcopal do Laicado e Família escreveu sobre as mães coragem, “que nunca desistem de cuidar, proteger e ensinar a crescer saudáveis os seus filhos”, de modo particular “todas estas mães que estão em fuga às bombas e ameaças à vida”. Nestes dias, “tem-se visto a força, o poder que uma mãe tem! Quem dera que o mundo dos que promovem os horrores da guerra ouvissem os seus gritos por paz”.

D.R.