Santuário de Fátima realiza Jornadas de Comunicação

 Prefeito do Dicastério para a Comunicação do Vaticano convida à redescoberta da dimensão comunitária perante a revolução digital

Foto: Ricardo Perna/Família Cristã

“A maior crise é a de sentido, por isso há necessidade do nosso trabalho, como comunicadores”, disse Paolo Ruffini, perante as dezenas de participantes na III Jornada de Comunicação do Santuário de Fátima, que se reuniram no Centro Pastoral de Paulo VI ou acompanharam a iniciativa, online.

O colaborador do Papa destacou a “aceleração” que marca a sociedade contemporânea e os desafios que se colocam aos media católicos, indo para lá dos “algoritmos”, para apresentar critérios de “bem comum”.

“Não podemos ficar presos a uma visão estática da comunicação”, advertiu.

Paolo Ruffini citou o Papa Francisco para falar “numa mudança de época”, que traz consigo a missão de devolver um sentido comunitário e de pertença à sociedade.

“A revolução digital não pode e não deve meter-nos medo”, apontou o conferencista.

O especialista realçou as novas possibilidades de aproximação com os leitores através das redes sociais e dos meios digitais, que exigem o domínio da “linguagem deste tempo”.

“A internet não significa a morte dos meios tradicionais”, observou.

O prefeito do Dicastério para a Comunicação apelou à “recuperação do humanismo cristão” a partir das publicações católicas.

A reflexão falou da missão de promover um “jornalismo de paz”, mesmo perante cenários de guerra, como acontece atualmente, sem “virar a cara para o outro lado”.

“Pode e deve encontrar-se um esquema de paz, para sair da guerra, como diz o Papa”, insistiu.

Apontando à JMJ Lisboa 2023, o responsável do Vaticano convidou a uma valorização da presença dos jovens, capazes de uma “comunicação que gera ação” e relação.

“É preciso criar uma nova imaginação cristã”, sustentou.

O que nos falta hoje são as relações, na verdade de um encontro. Colocar em comunhão é a única resposta verdadeira às necessidades das pessoas”.

A jornada sobre o tema ‘O Mundo visto de Fátima’ acontece, em 2022, no contexto do centenário do Jornal ‘Voz da Fátima’, a mais antiga publicação regular da instituição.

Para o reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, a temática da comunicação é “conatural” a Fátima, o que desde muito cedo levou a instituição a criar “meios próprios”.

O responsável saudou a “longevidade extraordinária” da publicação, que assume a missão de “difundir Fátima e a sua mensagem”, com uma orientação “claramente definida”, contando o que acontece no Santuário e o acontecimento “que lhe está na origem”.

“Não é possível fazer a história de Fátima sem passar pelas páginas deste jornal”, sustentou o reitor.

Para o padre Carlos Cabecinhas, o jornal centenário oferece uma “chave de leitura” do mundo, a partir dos vários temas tratados na publicação.

“Testemunho da história de Fátima, mas também de uma leitura da Igreja, de Portugal e do mundo”, a partir da Cova da Iria, precisou.

O programa inclui conferências e debates sobre a importância da imprensa de inspiração cristã na construção das sociedades, abordando os desafios da transição digital e a importância do jornalismo de proximidade.

Durante a Jornada é apresentado um estudo comparado da ‘Voz da Fátima’, onde se apresenta o perfil do leitor da publicação.

A agenda inclui a antestreia da reportagem “Páginas de Fátima”, feita pelo jornalista Joaquim Franco, “uma viagem que atravessa os cem anos do jornal, lendo as principais temáticas que ocuparam a atenção dos responsáveis pela linha editorial desta publicação”.

OC