Bispo instituiu novos leitores a quem pediu que desempenhem a tarefa de tornar Deus ao alcance de todos

E pediu que o façam ousando “mostrar a sua própria vida como garantia, como testemunho em favor da própria palavra que é anunciada”.

Foto: Duarte Gomes

D. Nuno Brás instituiu no Ministério de Leitores os seminaristas Diogo Sousa, da paróquia do Caniçal e Tiago Andrade da Paróquia da Nazaré. 

A instituição decorreu na manhã deste sábado, dia 23 de abril, na Sé do Funchal, diante de familiares e amigos dos dois seminaristas a quem o bispo do Funchal pediu que “desempenhem bem esta tarefa que hoje a Igreja vos confia”. A tarefa de “tornar Deus, a sua palavra, a sua vida ao alcance de todos”.

Na sua homilia o prelado começou por explicar a diferença entre proclamar e declamar como o fazem os atores, lembrando que “o Evangelho nunca aparece automaticamente no coração das pessoas”. Por outras palavras, precisa de quem o proclame, porque “a fé vem do ouvir”.  

Proclamar o Evangelho, acrescentou, pois, o prelado, “é anunciar e anunciar qualquer coisa que nós vivemos e percebemos como nossa, ainda que nos ultrapasse infinitamente”. 

É, prosseguiu, “anunciar sem medo e sem vergonha que Jesus Cristo venceu a morte, mas fazê-lo não como quem declama, mas como quem ousa mostrar a sua própria vida como garantia, como testemunho em favor da própria palavra que é anunciada”.

Aos novos leitores, o bispo lembrou-lhes “que outras tarefas gigantescas virão”, mas para já eles têm a missão de “proclamar o Evangelho que é sempre novidade porque nos faz mudar, porque trás consigo a conversão” algo que, frisou, “nos custa tanto”, mas que é precisa.

E o Evangelho, sempre que é proclamado, “trás consigo esta novidade de Deus, que nos chama sempre a ir mais longe, que nos chama sempre à santidade”. Trás consigo “a notícia boa, porque nos mostra que a nossa vida não é qualquer coisa para ser destruída ou vivida de forma medíocre, mas é boa noticia porque nos apresenta Deus como a meta da nossa vida”.

É por isso que “é preciso que o Evangelho, que esta boa notícia, seja proclamada nesta nossa ilha, porque há tantos, tantos que não a conhecem”.

A terminar a homilia desta Eucaristia, concelebrada pelos bispos eméritos pelo Reitor do Seminário Diocesano, cónego Toni Sousa, e pelos párocos das comunidades de cada um dos jovens, entre outros sacerdotes, D. Nuno apelou à assembleia que “não deixe de rezar pelo Tiago e pelo Diogo, pelos nossos seminaristas e pelas vocações consagradas, porque verdadeiramente é apaixonante alguém entregar a sua vida a esta tarefa de tornar Deus, a sua palavra, a sua vida presente e ao alcance de todos”.

Tanto mais autêntico quanto vivido

As instituições são, como é sabido, um passo importante rumo ao sacerdócio. Não se tratando de uma mera formalidade, elas são uma confirmação do caminho feito por cada candidato até então, na certeza de que muitos outros passos faltam dar até se configurarem plenamente com Cristo Pastor.

Ao Jornal da Madeira os dois jovens agora instituídos leitores mostraram precisamente essa consciência de que este é mais um passo. Um passo que, no dizer de Diogo Sousa, é “uma confirmação por parte da Igreja, de uma vocação que vai sendo acompanhada e amadurecida, numa aproximação maior e intimidade com o Senhor num caminho que é permanente constante”.

Este passo, acrescentou ainda o seminarista, é importante porque dá acesso a coisas “muito próprias deste ministério, como o poder proclamar na Liturgia, o poder acompanhar e introduzir as pessoas numa aproximação aos sacramentos e ajudá-las a estarem mais próximas e numa maior intimidade com o Senhor”.

Já Tiago Andrade, explica que este é “um primeiro passo público” nesta caminhada. Uma espécie de “apresentação à comunidade diocesana”. No fundo, acrescentou, “são dois rostos concretos que se apresentam e dizem: nós estamos aqui e livremente nos entregamos”.

Apesar de este passo não ser exclusivo daqueles que se preparam para o sacerdócio, já que “qualquer cristão idóneo pode receber das mãos do bispo este ministério”, para os seminaristas, frisou Tiago, “ele tem um significado mais vocacional, porque o caminho envolve o Ministério do Leitor, do Acólito e do Diaconado”.

Receber o Ministério do Leitor é chegar a meio deste caminho, lembrou. É “receber das mãos do bispo um modo de viver” que, ao contrário do que acontecia até aqui, deixou de ser só de escuta, mas é “receber nas mãos uma palavra com dois mil anos de garantia”, mas é “uma palavra viva e eficaz à qual vamos dar a nossa voz, com o gesto, a atitude, a maneira de ser, porque a liturgia é assim: é a expressão exterior de qualquer coisa interior e mais autêntica”.

Para resumir Tiago Andrade diz que “o Ministério do Leitor será tanto mais autêntico quanto mais vital for, quanto mais fizer parte da nossa vida”. 

A terminar de referir que a celebração foi animada liturgicamente pelo coro da prof. Isabel Gonçalves e que nela participaram também muitos fiéis diocesanos e alguns estrangeiros que estão de visita à ilha.