As obras de conservação e restauro dos tetos da Sé do Funchal, apresentadas ao público no final do ano passado, fizeram emergir a elevada qualidade patrimonial presente na Diocese do Funchal.
O Jornal da Madeira entrevistou o Dr. Francisco Clode, diretor de serviços de património cultural da Direção Regional da Cultura, sobre o restauro da Sé do Funchal e sobre o património religioso da Madeira.
Para este responsável, “A Diocese do Funchal é uma diocese riquíssima e talvez das mais importantes a nível nacional em termos do seu património”. Neste sentido, a seu ver, seria importante a “criação de corpus publicados, a publicação de volumes, cientificamente preparados” sobre os principais aspetos do património religioso, como a arquitetura, a escultura, a pintura, a ourivesaria e azularia.
Sobre os tetos da Sé, o Dr. Francisco Clode disse que “a Sé tem aquilo a que se pode chamar, o mais importante conjunto de tetos hispano-mouriscos que existem em Portugal”, e adiantou, “hoje em dia, uma visita à Sé, é um perfeito deslumbramento para se perceber, a enorme envolvência e riqueza global de toda a construção”. Na sua opinião, “as pessoas percebem que hoje em dia, uma parte importante da sua identidade, enquanto povo, está no seu património cultural, está na sua herança cultural”.
O diretor de serviços de património cultural, considera a Sé do Funchal como o terceiro lado do triângulo “na afirmação plena da arte manuelina, a arte do tempo da expansão portuguesa”, ao lado da Charola do Convento de Cristo em Tomar, e do Mosteiro dos Jerónimos. “Não nos esqueçamos que o Funchal é uma espécie de guarda avançada da expansão portuguesa, e é na Madeira que se ensaiam muitos dos processos, administrativos, judiciais, económicos que depois se instalam noutros sítios”, alertou.