Sem Igreja, não há salvação

D.R.

Nos últimos tempos, temos dado pouca atenção ao mistério da Igreja. Reduzida a uma instituição ao lado das outras instituições humanas; reduzida a uma desorganizada associação de bem-fazer; criticada pelos historiadores que sublinham os pecados dos cristãos ao longo dos séculos, a dimensão divina e espiritual da Igreja tem sido praticamente esquecida.

E, no entanto, esse “mistério da Igreja” — quer dizer: o facto de ela ser uma realidade essencial à salvação porque presença de Cristo ao longo dos séculos — foi uma das grandes redescobertas do Concílio Vaticano II.

Assim como o povo de Israel foi eleito e escolhido por Deus como o povo da Antiga Aliança, também a Igreja foi querida por Jesus Cristo como o “povo da nova Aliança”.

Num tempo em que o individualismo é exaltado, como acontece nos nossos dias; num tempo em que os pecados dos cristãos são confundidos e apresentados como pecados da Igreja, parece ser bem mais fácil cada um criar para si a sua religião. O mesmo é dizer: parece bem mais fácil sonhar do que aceitar o caminho difícil mas real da comunidade, a necessidade de encontrar pontes, de procurar consensos, de cada um se deixar confrontar com o outro e aceitar que ele é, como eu e para mim, testemunha da ressurreição.

É este caminho sinodal que o Papa Francisco nos convida a percorrer ao longo deste ano. Longe de uma moda passageira, havemos de tomar consciência de que não há salvação sem “caminho em conjunto”.