D. Nuno Brás exortou fiéis a viverem a radicalidade do Evangelho como São Francisco de Assis

É isso que nos falta nos dias de hoje: identificarmo-nos com Jesus Cristo e procurarmos viver o Evangelho sem descontos, sermos verdadeiros Franciscanos, disse o prelado.

Foto: Duarte Gomes

Foi com uma Eucaristia no Convento de São Bernardino que se assinalou esta segunda feira, dia 4 de Outubro, a solenidade de São Francisco de Assis. 

Na homilia da celebração, que contou com a presença de inúmeros fiéis, de um vereador em representação do presidente da autarquia e do presidente da junta, D. Nuno Brás começou por lembrar que “São Francisco de Assis é um santo conhecido pelo mundo inteiro” e é “um santo que toda a gente admira e venera”. 

As razões pelas quais isso acontece são diversas. “Poderíamos dizer que é porque ele venera a natureza, e a ecologia está na moda”. Poderia ser “pelo facto de ser muito pobre, por numa época de riqueza ter deixado tudo e se ter feito pobre, sendo por isso um exemplo”.

No entanto, lembrou o bispo diocesano, a verdadeira razão pela qual gostamos tanto de São Francisco é porque “ele nos torna presente Jesus Cristo”. Ele, de uma forma particular, “identificou-se com Jesus, e tanto se identificou que Jesus lhe deu a graça de gravar nas suas mãos os sinais da paixão, os sinais da cruz”.

“Ele atrai-nos tanto, porque Jesus nos atrai tanto”, frisou ainda D. Nuno Brás, para logo acrescentar que “era como Ele gostava de dizer: o Evangelho sem descontos”. E nós, prosseguiu, “gostamos tanto de fazer descontos ao Evangelho”.

“São Francisco procurou viver a radicalidade do Evangelho no seu tempo e este é o grande apelo que São Francisco nos faz hoje, a nós que vivemos neste tempo de abundância, de riqueza, em que só ouvimos falar de milhões e de milhares de milhões e não sabemos às vezes o que fazer à vida tão fartos que estamos de a viver”, constatou o prelado.

É neste tempo precisamente que São Francisco nos interpela a viver o Evangelho e o Evangelho sem descontos, a perceber que tudo nos “fala do Deus criador que tudo criou em Jesus Cristo”, desde as plantas aos animais, ao sol e à lua. Além disso, “quem é Jesus Cristo senão este Deus que se faz pobre, radicalmente pobre deixando tudo o que tem, tudo o que é para se fazer um como nós e viver a nossa própria morte, o nosso próprio sofrimento”.

É isso que nos falta nos dias de hoje: identificarmo-nos com Jesus Cristo. E “procurarmos viver o evangelho sem descontos, sermos hoje Franciscanos, quer dizer, vivermos verdadeiramente assim: Jesus Cristo hoje”. 

Estes são os apelos de São Francisco, os apelos que constantemente Jesus nos faz “e assim tenhamos nós esta capacidade e esta disponibilidade para, no mundo de hoje, vivermos o Evangelho sem descontos para, no mundo de hoje, sermos outros Cristos, para sermos esta presença de Jesus Cristo, Deus que se esqueceu de si próprio por nossa causa e por nosso amor”, concluiu.

Coube ao Frei Nélio Mendonça as palavras de acolhimento a D. Nuno Brás e também, no final da celebração, as de agradecimento não só ao bispo do Funchal, mas a todos quantos colaboraram para que esta Eucaristia pudesse ser celebrada, bem como aos que nela participaram, incluindo os representantes do poder autárquico que, mesmo sendo o Dia do Concelho, se quiseram associar a esta solenidade.

De referir que com esta Eucaristia a que se seguiu, no adro da igreja, a bênção dos animais, se encerraram as iniciativas levadas a cabo pelo Projeto Akustica, com as quais se assinalou o Tempo da Criação. 

Seguiu-se ainda a inauguração de uma exposição de pintura intitulada “Dando Asas”, da autoria de Sara Santos, que pode ser visitada até 14 de Novembro, às segundas, quintas e sábados, das 15 às 18 horas.