D. Nuno desafiou finalistas do superior a obedecer antes a Deus que aos homens

Foto: Duarte Gomes

O bispo do Funchal presidiu na tarde de sábado, dia 24 de julho, na Sé do Funchal, a uma Eucaristia no decorrer da qual procedeu à bênção dos cerca de 400 alunos finalistas da Universidade da Madeira e da Escola Superior de Enfermagem São José de Cluny.

Uma oportunidade para D. Nuno Brás desafiar os jovens que tinha diante de si a “obedecer antes a Deus que aos homens”, a acreditar mesmo sem ver e a não deixar de falar de Deus porque não está na moda ou não é “chique”.

Mas na sua homilia, o prelado começou por explicar que as leituras deste dia os convidavam a “interrogar a propósito daquilo que é a realidade”, porque nós “achamos que a realidade é aquilo que está no bisturi, na experiência científica que eu faço ou eventualmente até aquilo que eu crio”. Porém “a realidade é muito mais do que isso” e vai muito para além da ciência, que nos mostra o como, mas não a razão pela qual as coisas acontecem, frisou, dando como exemplo a amizade, que “é a coisa mais real deste mundo”, apesar de não a vermos nem a podermos medir.

Assim sendo, porque havemos de dizer que Deus não é real, questionou D. Nuno Brás para logo acrescentar que o mesmo que se passa connosco se passou com os discípulos que também tiveram dificuldades em acreditar.

Dirigindo-se aos quase 400 jovens, D. Nuno disse-lhes ainda que eles podem “correr o risco obedecer aos homens”, tal como fizeram os discípulos (1ª Leitura), e “deixar de falar de Jesus Cristo, deixar de ter Deus em conta”. Na verdade, reconheceu, hoje ter fé e falar de Jesus Cristo “não está na moda”, “não é chique”.

Mas a verdade é que “a realidade de Deus que nos acompanha nos diz o porquê, que está connosco, realidade de Deus que se impõe” está lá. E nós “andamos cegos”. É por isso, prosseguiu, que “é importante esta celebração de bênção, porque ela reconhece que este caminho que vocês percorreram não foi percorrido só por vocês, só pelos vossos professores, só pelos vossos amigos, só pelos vossos familiares, foi percorrido por esta gente toda, mas foi percorrido também, e não menos importante, pelo próprio Deus que quis ser Deus connosco, quis e quer partilhar da nossa vida, da vossa vida”.

Perante esta realidade, lembrou D. Nuno Brás, “nós só podemos estar gratos e nós só podemos pedir que este Deus que nos acompanhou ao longo deste curso universitário nos continue também a acompanhar para o resto da nossa, da vossa vida”.

A terminar o bispo diocesano pediu aos jovens que “num minuto de silêncio reconheçamos tantos sinais que Deus vos deu, que Deus nos deu, da sua presença ao nosso lado e lhe peçamos esta graça de O descobrirmos e de nos deixarmos encontrar por Ele onde quer que estejamos”.

Antes da bênção final coube à Irmã Teresa Pinho, do Departamento da Pastoral do Ensino Superior, deixar “um obrigado a muita gente a quem a nossa vida se deve e a quem a vossa presença hoje aqui se deve” porque “a nossa vida é produto dos outros, não só do nosso esforço”.

Por isso, convidou os finalistas a “viver um dia de ação de graças” e a “agradecer as oportunidades e o caminho”, tendo ela própria feito vários agradecimentos, entre os quais ao bispo do Funchal. Terminou pedindo-lhes que “façam a diferença” neste mundo atual e nestes “tempos muito difíceis” que vivemos e que “precisam de homens e mulheres com coração, com estrutura, com qualidade humana”.

“Onde vocês forem, sejam Deus, sejam um enfermeiro com qualidade humana, sejam um gestor com qualidade humana”, porque “o mundo está muito falto de gente que não deixe o seu destino na mão dos outros, mas o agarre e faça a diferença e eu tenho esperança que sejam vocês”, concluiu.

Já D. Nuno Brás voltou a usar da palavra para pedir à assembleia que, nuns breves minutos de silêncio, rezasse por aqueles que, por variadíssimas razões não têm a possibilidade de fazer um curso superior e para relembrar que “é preciso obedecer antes a Deus que aos homens”.