Maternidade: opção ou vocação?

D.R.

Ser mãe é uma realidade tão natural, como fazer desporto, lançar-se em para-quedas ou patinar no gelo.

Nada de transcendente, simplesmente um caminho feito por opção, por eleição de vocação ou simplesmente, porque sim.

Muito confuso anda este conceito de gerar e criar filhos. São várias as opiniões, são muitos os preconceitos e são muito mais as tendências de transformar a concepção dum bebé num debate sem fim à vista, com argumentos a favor e contra, mais um sem número de vias mais ou menos legais, num jogo de descarte, de empurra e de negócio.

São as ideologias, são as crónicas opinando que ter filhos é uma aventura extra- terrestre, um drama, uma catástrofe. Enquanto outros alertam, há décadas, para o inverno demográfico, enfim um não mais acabar de lamúrias e lamentos. 

Bem no fundo a questão é outra, foram muitas as estratégias para reduzir a população, alguma medicina com recurso a novas tecnologias foram colaborando e o sentido da maternidade como um dom, um contributo para a sociedade e uma achega para a família, perverteu-se de tal forma que hoje há quem sinta horror ou pânico só de pensar em procriar.

Também será uma consequência dos novos tempos, mais egoísmo, mais conforto, mais individualismo com sabor a liberdade, mas que muitas vezes tem a outra face da moeda, solidão, desamparo, falta de afecto no dar e receber amor.

Assim está a Europa recusando-se a ser o que era, renegando as tradições e as culturas de séculos. Outros povos, outros credos, veem nesta atitude anti família uma maldição, uma gente que nem sabe dar-se, amar e proteger os seus das agressões e seduções duma sociedade que se julga evoluída, mas insiste na destruição, na cultura de morte, na libertinagem e na negação da família, da religião e da educação.

O matrimónio é uma vocação natural e sobrenatural, unidos em igualdade, em afecto e partilha, por opção, por vocação e com a intenção de criarem um projecto comum, a família. Sem perder a dimensão humana, ter filhos, criá-los e educá-los é uma mega epopeia, é crescer e ajudar a crescer e é para todos um tempo de aprendizagem, uma procura constante do equilíbrio sempre frágil, um caminho desafiante para atingir uma suposta meta que teima sempre em avançar.

Do berço à faculdade são anos de preparação, para a vida, para o desempenho profissional, para uma perfeita integração na sociedade, para ser mais um com os outros em harmonia, fraternidade e cooperação activa no bem comum. Acresce ainda, que para além das competências académicas, sociais e humanas, há muitos pais que optam por dar aos filhos um passaporte para a eternidade. Sabendo que a morte faz parte da vida, procuram assegurar-lhes uma formação religiosa, que a longo prazo, reverterá para alcançar um lugar no Céu.

Se à partida tudo isto parece um rol infindável de obrigações e preocupações, na prática torna-se tão natural como respirar, caminhar e fazer caminho, avançando com êxitos e recuos, com alegrias e tristezas, como tudo na vida.

Quem corre por gosto não cansa, diz o ditado popular, e aqui reside o cerne da essência da maternidade/paternidade. Uma missão, uma opção, uma vocação com o sentido pleno de amar e ser amado.