São Tiago Menor: Segunda parte da conferência de D. Nuno versou a vida de bispo e o seu martírio

Na segunda parte da conferência sobre quem foi São Tiago Menor, exibida na terça-feira, dia 16 de março, o Bispo do Funchal começou por relembrar as várias ‘facetas’ de São Tiago Menor sobre as quais havia falado na conferência anterior.

Assim, temos Tiago o “irmão” do Senhor, que habitava em Nazaré no seio de uma família alargada, piedosa, que peregrinava a Jerusalém. Tiago que foi também discípulo de Jesus, membro do grupo dos Doze e apóstolo e mais tarde responsável pela comunidade cristã de Jerusalém. O mesmo Tiago a quem o Senhor apareceu depois de ressuscitar, conforme narra a Primeira Carta aos Coríntios, 15. 

Feita esta ‘revisão’, D. Nuno Brás centrou a sua abordagem na faceta de São Tiago Menor enquanto bispo de Jerusalém e nas questões mais importantes do seu martírio.

A propósito, o bispo do Funchal referiu que não existem relatos da eleição de Tiago como bispo, mas que “encontramos essas referências em textos não canónicos”. É o que acontece, por exemplo, com um texto de Eusébio que, no século XVI, “narra esta eleição a partir de uma citação de Clemente de Alexandria que dizia o seguinte: ‘Pedro, Tiago e João, depois da ascensão do Salvador, apesar de serem honrados por Ele mais que qualquer outro, não reivindicaram para si qualquer honorificência, mas elegeram Tiago ‘o Justo’, bispo de Jerusalém’”. É esta designação de ‘o Justo”, que passa a acompanhar São Tiago Menor daí em diante. 

Ao contrário de outros aspetos da vida de Tiago, esta liderança em Jerusalém, nunca foi contestada, conforme frisou D. Nuno Brás que lembrou ainda que a mesma “aparece clara no chamado ‘Concílio de Jerusalém, em que Tiago apoia Paulo e Barnabé e é quem dita a solução final”. 

Desde esse momento que “a figura de Tiago se agiganta” e ele passa a ser “olhado por todos como um homem sábio e justo, que todos respeitam e que todos escutam”, que “procura construir pontes e entendimentos, entre os vários grupos e opiniões”.

D. Nuno Brás analisou depois o relato de Hegésipo, através do qual ele nos apresenta o bispo Tiago, a sua ação à frente da Igreja de Jerusalém e o seu martírio.

Martírio sobre o qual o bispo diocesano refletiu depois, lembrando que Tiago foi o “terceiro mártir depois de Jesus”. Um martírio que é conhecido por notícia de Flávio Josefo e que acontece no ano de 62, cercado de um determinado contexto político. 

Tendo morrido Festo, prefeito da Judeia, e enquanto seu sucessor, Albino, se encontrava ainda em viagem, vindo de Roma, o sumo sacerdote Ananias aproveitou o momento para convocar o sinédrio e condenar Tiago, “por não observância da Lei”. 

Tiago, então com uma idade entre os 80 e os 96 anos, foi lançado do pináculo do Templo. Não tendo morrido da queda foi em seguida apedrejado, enquanto, de joelhos, rezava por aqueles que o estavam apedrejando. Um deles, tomando o pau com que batia os vestidos, golpeou na cabeça o Justo, que morreu mártir desse modo, tendo sido sepultado próximo do Templo.

Assim se relata um pouco da história de vida de São Tiago Menor, Padroeiro da Diocese do Funchal, que segundo D. Nuno Brás “se destaca pela sabedoria, se destaca pela prudência, pela capacidade de diálogo, de fazer pontes, mas ao mesmo tempo se destaca também como testemunha de Jesus que diante de todos não hesita em dizer que Jesus é o salvador, que por isso foi morte e por isso mesmo deu o Seu sangue, porque acreditava numa verdade maior do que Ele próprio, e por isso mesmo ofereceu a Sua vida como testemunho da ressurreição do Senhor”.

O prelado concluiu a sua intervenção desejando que “São Tiago nos ajude também a nós a sermos sábios, justos, dialogantes, capazes de fazer pontes, mas ao mesmo tempo com a ousadia de testemunhar sempre a Jesus ressuscitado”.

De referir a terminar que hoje, pelas 21 horas, será a vez de D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, falar sobre “A celebração eucarística: liturgia e espiritualidade”, no âmbito desta semana de formação que a Diocese do Funchal promove até dia 19 de março.