Assintomáticos

D.R.

Como a palavra “pandemia”, também a palavra “assintomático” passou, há quase um ano, a fazer parte do nosso vocabulário. “Assintomático” é aquele que, apesar de se saber portador da Covid-19, não manifesta qualquer sintoma da doença. Deve ficar em isolamento para não infectar os demais; mas o vírus não lhe provoca falta de cheiro ou de paladar; não tem dificuldade respiratória ou outro sintoma com que a Covid-19 se manifesta.

Um destes dias dei comigo a pensar que muitos cristãos são também “assintomáticos” na fé: é verdade que foram baptizados e até foram à catequese, fizeram a primeira comunhão e o crisma. Mas, depois, vivem como se Deus não existisse. Vivem como aqueles que não têm fé. São verdadeiramente “assintomáticos”: não encontramos neles (nós e, muito possivelmente, eles próprios) qualquer sintoma da fé; qualquer gesto, qualquer referência a Deus. Como se tudo se resumisse a este mundo e àquilo que os nossos olhos são capazes de ver e de perceber.

Ora, de facto, a fé cristã é um pouco como um vírus — um vírus bom e salvador! Quando é vivida de verdade, espalha-se, contagia; e manifesta-se em vários sintomas: manifesta-se em palavras, manifesta-se em acções, manifesta-se no modo como vivemos e no modo como acolhemos o próximo e nos aproximamos dele.

Talvez possamos fazer este propósito para o novo ano que está ainda a começar: deixarmos, verdadeiramente, de ser assintomáticos na vida cristã, e contagiar com o vírus da fé aqueles que estão ao nosso lado!