D. Nuno presidiu às tomadas de posse em Santa Cruz e na Sé e lembrou que “todos somos indispensáveis na vinha do Senhor”

Foto: DuFoto: Duarte Gomesarte Gomes

D. Nuno Brás presidiu este domingo, dia 20 de setembro, a duas Eucaristias no decorrer das quais foram apresentados os novos párocos de Santa Cruz e da Sé, respetivamente.

A tomada de posse do cónego Vítor Gomes, que substitui o cónego Agostinho Carvalho decorreu na Eucaristia das 8 da manhã, com a comunidade de Santa Cruz a considerar este “um dia de festa” e a dizer-se “de braços abertos”, para acolher “com carinho e estima” o novo pároco, a quem ofereceram um cruz, que “não deve ser vista como sinal de morte ou sofrimento, mas sim como sinal de vida, da vida e glória de Cristo em perfeita obediência ao Pai”.

Já a apresentação do cónego Marcos Gonçalves teve lugar na Eucaristia das 11 horas, na Catedral, perante uma assembleia composta, como de resto aconteceu em Santa Cruz.

Nas homilias de ambas as celebrações, refletindo sobre a palavra proclamada, o bispo diocesano explicou que “as parábolas de Jesus são sempre estranhas”, mas, no entanto, todas elas têm a sua razão de ser. É o caso da deste domingo, que falava dos operários da vinha que recebem todos o mesmo salário, apesar de nem todos terem trabalhado as mesmas horas.

“Não estamos a falar de contratação social, nem de direitos dos trabalhadores”, nem tão pouco de “relações laborais”, mas sim “do reino dos céus”, onde o salário é um só: a vida eterna; a vida de Deus e a vida Deus em nós. É por isso, frisou o bispo diocesano, que o salário é igual para todos. “Não há maior nem menor” em função do tempo trabalhado.

O prelado explicou igualmente que, ao contrário do que possamos pensar, a vinha de Deus não fica apenas da porta da igreja para dentro, não diz respeito apenas à paróquia e a quem nela tem funções como, por exemplo, a de pároco ou a de dar catequese, fazer parte da confraria, cantar, arranjar as flores. Na verdade, “a vinha de Deus é toda a vida do ser humano e tudo aquilo em que o ser humano está implicado”.  E, sublinhou, “todos somos convidados a trabalhar na vinha do Senhor”, o que “significa torná-lo presente onde quer que estejamos e mostrar o seu amor e a sua bondade e que a todos Ele quer, sempre”.

“Tudo quanto fazemos, tudo quanto somos é presença de Deus”, disse D. Nuno Brás para logo acrescentar que “tudo quanto somos e tudo quanto fazemos é para transformar o nosso mundo, em todas as suas diferentes realidades, de acordo com o pensamento de Deus” e “mais semelhante àquilo para que Deus o criou”. Quando criou o mundo, explicou, “Deus tinha um plano, tinha um sonho” e nós “somos os trabalhadores em quem Ele confia para transformar tudo quanto existe à sua imagem e semelhança”.

O pároco também é um desses trabalhadores e a sua missão é ser “presença sacramental de Jesus Cristo” e congregar todos, toda a comunidade, de modo a que se transformem e transformem o mundo, “tornando-o mais semelhante ao projeto de Deus”. Isto para dizer que, ainda que cada um com a sua vocação e a sua missão, “todos somos “indispensáveis na vinha do Senhor”.

Daí o apelo do bispo diocesano, para que as comunidades colaborem com os novos párocos, ajudando-os a transformar as comunidades de maneira a que estas sejam “cada vez mais semelhantes ao que o Senhor sonhou para elas”. De resto, “ser cristão não é um passatempo”, pelo que a vida cristã é “qualquer coisa que nos deve empenhar, que nos deve entusiasmar”, frisou.

Párocos revelam alegria e confiança

No final das celebrações os novos párocos dirigiram algumas palavras aos seus novos paroquianos. Nesse momento sempre especial, o cónego Vitor deu conta da sua “grande alegria” por ser “o pastor que o Senhor colocou na sua vinha, nesta vinha que é a paróquia de Santa Cruz”.

“Conto convosco e quero que conteis igualmente comigo”, disse ainda o novo pároco, que deu graças a Deus e agradeceu, tal como o fez também D. Nuno Brás, pelo “trabalho pastoral desempenhado pelo cónego Carvalho, durante 23 anos” e também pelo trabalho do Pe. Hélder que ali esteve a ajudar nos últimos quatro meses.

Finalmente o cónego Vitor Gomes prometeu dar “continuidade” ao trabalho que vinha sendo feito, trabalhando em conjunto “para sermos Igreja e para que Jesus Cristo realmente esteja no nosso coração e na nossa vida em comunidade”.

Já o cónego Marcos Gonçalves agradeceu a confiança depositada em si pelo bispo do Funchal para “iniciar uma nova etapa na minha vida sacerdotal, ao serviço no coração da cidade do Funchal, como pároco da Sé do Funchal”.

Deixou ainda uma “saudação a todos os paroquianos da Sé e a todos os que escolhem esta grande e bela igreja para celebrar a sua fé, para visitar e conhecer o nosso património e a nossa história”.

“Aqui estou na igreja da Sé para servir”, frisou o novo pároco que pediu permissão aos paroquianos para “bater delicadamente à vossa porta. À porta do vosso coração” e pedir “licença para entrar e habitar convosco, caminhar convosco. Ser padre, sacerdote para vós, ser cristão convosco”.

Fez ainda votos de que “possamos juntos continuar a história desta Igreja, desta comunidade paroquial no coração da cidade. Uma igreja de portas abertas para abraçar e acolher, ser morada de Deus, ponto de encontro de Deus com a nossa vida quotidiana feita de sonhos e projetos, de dores e esperanças. Uma igreja de portas bem abertas, também para sair e transportar Deus ao coração de todos, ao coração da cidade”, mas também uma igreja “em diálogo com as diversas formas de cultura, com a arte e com a beleza. Renovando tudo com a força e a beleza do Evangelho. Aproximando o Evangelho ao Povo, à cidade, às pessoas”.

De referir que em ambas as Eucaristias de tomada de posse se procedeu à leitura das respetivas cartas de nomeação, à profissão de fé dos novos párocos, com o juramento de fidelidade ao colégio presbiteral, ao bispo, ao papa e a toda a Igreja, à leitura e assinatura dos autos de posse, à renovação das promessas sacerdotais, à entrega do Evangeliário e da chave do Sacrário.

As Eucaristias de apresentação de novos párocos prosseguem no fim de semana de 26 e 27 de setembro, marcando o início de funções do Pe. Rui Silva à frente da paróquia do Garachico (Missa das 18:30 horas do dia 26) e do Pe. Humberto Vasconcelos à frente das comunidades paroquiais do Carvalhal e dos Canhas, nas Eucaristias das 9 e das 10:30 horas, respetivamente, no dia 27.