Carlos Araújo: “Para mim, seguir Jesus não é algo de teórico, mas algo de concreto”

D.R.

Hoje trazemos aos nossos leitores o testemunho do religioso Carlos Araújo, escrito pelo punho do próprio.

Carlos Araújo tem 28 anos e é natural da freguesia de Telhado, concelho de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga. Recebeu os sacramentos da iniciação cristã na paróquia de Santa Maria de Telhado, Arquidiocese de Braga. O Batismo a 26 de julho de 1992; a Confirmação a 16 de novembro de 2008 e a Primeira Comunhão a 30 de julho de 2000.

Depois de ter frequentado os Seminários Menor e Maior da Arquidiocese de Braga, e após uma experiência vocacional dehoniana e um acompanhamento por parte de um religioso dehoniano, ingressou no Centro Dehoniano, onde a 15, de março, de 2015, foi admitido ao Postulantado.

Deu continuidade ao projeto de Deus, iniciando o noviciado a 14 de setembro de 2016, em Alba de Tormes (Salamanca) e Puente la Reina (Pamplona). Fez a Primeira Profissão Religiosa a 1 de outubro de 2017, no Seminário Nossa Senhora de Fátima, Alfragide – Lisboa. No seminário redigiu a sua dissertação de Mestrado Integrado em Teologia, colaborou na Pastoral Vocacional do mesmo seminário e pastoralmente na Paróquia Dehoniana de Nossa Senhora da Conceição de Outurela – Carnaxide – Oeiras e no Agrupamento de Escuteiros 1373 da dita paróquia.

Deste setembro 2019 encontra-se em Estágio de Vida Religiosa no Colégio Infante D. Henrique, onde é professor de EMRC e animador pastoral, fazendo também equipa com outro religioso dehoniano na Pastoral Vocacional, Juvenil e Missionária.

Este é o seu testemunho vocacional:

A vida é um caminho. É no caminho que se dá o encontro. Ao longo do caminho que já percorri fui chamado a assumir novas etapas. Na linguagem cristã, o caminho é visto como Peregrinação. Por isso, o peregrino nunca caminha sozinho, acompanha-o a fé, esperança e o amor misericordioso de Deus. O peregrino tem um rumo. Neste caminho, a comunidade tem sido importante para mim. Nela faço a experiência de viver de uma forma mais próxima, autêntica e alegre a vida em comunidade. Por isso, sinto que o Senhor me chama a este estilo de vida, vivido pelo próprio Jesus com os seus apóstolos e presente nas comunidades primitivas. É no estilo comunitário que depende o nosso futuro. Na verdade, a comunidade torna-se para nós escola de misericórdia.

Para mim, seguir Jesus não é algo de teórico, mas algo de concreto. Implica fazer caminho, fazer perguntas e crescer com elas. Também no caminho se sente o peso do cansaço e da fraqueza, mas como reconhece S. Paulo é na fraqueza que Deus manifesta o seu poder.

O carisma dehoniano e as diferentes áreas de ação da Congregação são um apelo para mim. Fascina-me o exemplo do Venerável Pe. Dehon, que foi um homem de coração aberto, solidário e de grande sensibilidade humana e espiritual. Um verdadeiro amigo Coração de Jesus. Desejo, por isso, conhecê-lo mais, para melhor seguir Jesus.

A vida religiosa não é algo superior. Em primeiro lugar, é um seguimento. Seguir sempre Jesus, olhando o seu tempo. Em segundo lugar, tem um fundamento antropológico, aprender a resistir ao excesso. Saber relacionar-se de maneira madura. Ser em relação. Por outro lado, a vida religiosa não é um estado intermédio. Pertence à vida sagrada. Não pertence à ordem hierárquica.

Consagração, total disponibilidade para o Reino. Não me separo do mundo. Não é uma fuga ao mundo. Jesus também viveu assim. É para nos aproximar mais de Jesus, “não significa negação ao mundo, mas sim, missão no mundo”. O consagrado assume um compromisso entre Deus e a Igreja. Compromisso público. Se obriga perante essa comunidade, comunidade que acolhe. Uma vida que se oferece a Deus. Configuração a Deus, seguimento.

Todos temos partes escuras na nossa vida. Neste momento, mau seria se tivesse todas as certezas, de que o caminho é de todo por aqui. Neste caminho é necessário abrir à transcendência de Deus. O dom está aqui e agora, no Colégio Infante D. Henrique – Funchal, Madeira, onde me encontro a fazer o estágio de vida religiosa. Sou professor de EMRC neste nosso colégio que procura educar para a Eternidade. À luz dos princípios e valores de inspiração cristã, formar as consciências. Como o Pe. Dehon, sonhamos formar homens e mulheres, para que, à luz do Evangelho, se empenhem na construção de um mundo novo. Um mundo com coração, à imagem e semelhança do Coração de Jesus. Além desta missão como professor e animador pastoral do colégio, faço também equipa com outro religioso dehoniano na Pastoral Vocacional, Juvenil e Missionária.

O nosso futuro depende do que fizermos no presente. As sementes que hoje lançarmos e cuidarmos, que crescem, se desenvolvem e dão cor tornarão o mundo um lugar melhor para viver. Mas nós próprios somos sementes se os nossos gestos e sentimentos forem repletos de bondade, respeito mútuo e gratidão. Então o nosso mundo será um verdadeiro lar capaz de oferecer esperança e felicidade a todos!

Carlos Araújo, scj (dehoniano)