O bispo do Funchal presidiu à Missa da Meia-Noite, também conhecida como ‘Missa do Galo’, na Sé do Funchal. Uma Eucaristia concelebrada pelo vigário geral, cónego Fiel de Sousa, pelo pároco da Sé, cónego Vitor Gomes e por outros elementos do clero e em que D. Nuno apelou para que “nos deixemos atrair pelo Deus que se faz um de nós, pela sua presença e pelo amor que nos mostra” e para que nos “disponhamos a ser as suas mãos abertas” de modo a que, “por nosso intermédio, o amor de Deus chegue a todos”
Na homilia, o prelado disse que apesar das “trevas” que nos fazem “duvidar do cumprimento da promessa em nosso Senhor Jesus Cristo”, o certo é que “Deus insiste em nascer, em fazer-se carne, em fazer-se pequeno, em fazer-se menino.”
Insiste, continuou, “em fazer-se Deus connosco e em nós. Ele nasce em cada criança concebida. Nasce em cada coração que se converte. Nasce em cada batizado. Nasce em cada gesto de paz e de amizade. Nasce em cada cristão que toma a sério o seu caminho para Deus e com Deus”.
As trevas, de que falava D. Nuno Brás à assembleia, “poderão estar envolvidas numa forma mais contemporânea, mas são as mesmas” dos pastores de há dois mil anos.
“São as trevas de quem recusa Deus e se perde na cegueira da sua auto-suficiência. São as trevas de quem se procura impor aos demais. São as trevas de quem pensa que, vivendo apenas por si e para si consegue ser mais que todos os outros. São as trevas de quem, no seu coração, não encontra lugar para os outros, para a compaixão, para Deus. São as trevas dos que não têm o suficiente para viver dignamente. São as trevas da mentira”, explicou.
Todavia, frisou, “com aqueles humildes pastores de Belém, partilhamos igualmente o anúncio do Evangelho. É por isso que hoje vos quero repetir ao vosso coração, a vós que encheis esta Catedral, as palavras proferidas pelo Anjo no momento primeiro do mundo novo: ‘Anuncio-vos uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor’”.
De resto, “A luz que iluminou aquela noite de Belém atravessa os séculos e “chega também até nós, para continuar hoje, aqui, a brilhar, a inundar esta Catedral e todas as igrejas do mundo inteiro. Ela enche de luz divina as nossas trevas, as trevas da humanidade. Ela enche de luz divina as culturas, os povos, a vida de cada ser humano que por ela se deixa invadir. É a luz daquele Menino, do Deus-connosco.”
Ele nasceu em Belém, lembrou, “mas a sua vida, a sua luz continuam hoje a resgatar, com o mesmo brilho e a mesma intensidade, a mesma glória e a mesma alegria, o mesmo fulgor e a mesma paz, todos quantos, adormecidos nas trevas, despertam para a vida verdadeira e se põem a caminho do Presépio, ‘a ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer’ (Lc 2,15).”
A luz que é o Menino de Belém, considerou, “continua hoje a dizer a cada um de nós: ‘Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados’. Que este Menino, esta luz, inunde o nosso coração. Que Ele nos encha de paz e de alegria. Que Ele ilumine a noite e o coração de todos!”