Uma Amazónia de rosto feminino
O sexto dia de trabalhos – 7ª CGS – foi dedicado à região Pan-amazônica. Dom Sérgio Eduardo Castriani, arcebispo de Manaus, escreveu a reflexão: “Temos uma mãe e Aparecida é prova disto. Temos a quem recorrer nos momentos em que a crueldade nos quer aniquilar”. O lugar onde foi encontrada a imagem tornou-se meta de romarias e muito cedo se tornou a casa da mãe, onde se vai nos momentos de dor e sofrimento. A grande multidão vai agradecer as graças recebidas. “Ao redor da pequena imagem, ergue-se um templo ornamentado com mosaicos que lembram a teologia da criação e da história”.
O arcebispo de Manaus afirma que em Aparecida, todos se sentem em casa, e sentem a presença da mãe de Jesus. “Nos alegramos com as maravilhas que Deus realiza na vida das pessoas, – continua -, tomamos consciência dos nossos pecados e da necessidade de conversão, pedimos as bênçãos de Maria para nós, para as pessoas que amamos e para o Brasil”.
Quantas vezes rezamos pela Amazônia, pela Igreja que ai está e pelos povos que ai vivem! Uma Igreja – afirma Dom Sérgio – que nas escutas em preparação do Sínodo se mostrou de rosto feminino, porque coordenada nas suas bases por mulheres.
Mulheres no Sínodo
Dom Sérgio põe em destaque o culto dominical, sinal da presença de uma comunidade cristã celebrado na maioria das comunidades por mulheres, que fizeram a transição de uma vivência da fé puramente devocional, para a celebração do mistério pascal. Cada domingo, milhares de comunidades se reúnem lideradas por catequistas, ministras da palavra e da Eucaristia para ao redor da Palavra, louvar o Senhor pelo mistério da nossa salvação. Depois são sobretudo elas que assumem as consequências deste anúncio pondo em prática programas de desenvolvimento sustentável na comunidade. Uma Igreja assim lembra-nos a presença de Maria na história da evangelização.
No encontro com os jornalistas foi recordada a contribuição das mulheres ao Sínodo. A Irmã Birgit Weiler, da Congregação das Irmãs Missionárias Médicas, colaboradora da Pastoral para o cuidado da criação da Comissão de Ação Social da Conferência Episcopal Peruana, disse que em seu Círculo Menor (grupo de trabalho), como em outros, “há uma atmosfera muito aberta: nós mulheres nos sentimos acolhidas, há uma grande liberdade de expressão”. Muitos bispos partilham as nossas preocupações. “Precisamos de mais mulheres em posições de liderança” e é importante, acrescentou, que as mulheres sejam “incluídas em decisões importantes”. A professora de teologia considerou necessário “passar de uma pastoral de visita para uma pastoral de presença”, e defendeu “mais espaço para mulheres em posições de liderança e ministérios”.
No Peru, lembrou a religiosa, “as mulheres da teologia estão trabalhando em conjunto com as mulheres indígenas para o desenvolvimento da teologia indígena. Estou muito grata ao Papa Francisco por convidar “35 mulheres a participar neste Sínodo. É já um grande passo avante”.
A Igreja mãe que cura e liberta
Dom Sérgio destaca que não foi por acaso que a Conferência de Aparecida colocou a Amazônia como uma das grandes preocupações pastorais dos bispos do continente latino americano. “Em Aparecida cercou-nos a religiosidade do povo, que tem uma relação muito próxima com os seus santos e com a mãe de Jesus. Esta relação quando chega a Jesus transforma-nos em discípulos missionários.
Somos marianos, afirmou o arcebispo. “Rezamos o rosário, a oração dos pobres que não necessitam livros, nem roupas especiais, nem rituais, mas simplesmente rezar a oração que Jesus nos ensinou e saudar Maria com a primeira saudação na qual seu filho é reconhecido como Senhor”. Os puxadores de terço foram essenciais na manutenção de uma Amazônia católica.
E conclui sua reflexão, pedindo à Mãe de Jesus, nos proteja da tentação de fazer da Amazônia uma terra de ganho e lucro, transformando o dom em mercadoria. “Que a Igreja com suas mulheres reconhecidas na sua ministerialidade seja sempre uma mãe que cura e que liberta”.
Voz das mulheres amazónicas
Na 6° Congregação alguns auditores, delegados fraternos e convidados especiais tomaram a palavra: exortaram a promover o papel da mulher, a valorizar a sua liderança dentro da família, da sociedade e da Igreja. A mulher é guardiã da vida, evangelizadora, artesã de esperança – foi dito na Sala –, é a brisa suave de Deus, o rosto materno e misericordioso da Igreja. É importante, portanto, reconhecer o estilo do anúncio do Evangelho levado avante pelas mulheres amazônicas, muitas vezes silenciosas, mas muito partícipes na sociedade.
Diana Isabel Hernández Juárez, professora de 35 anos e coordenadora da Pastoral da Criação da Paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe em Suchitepéquez (Guatemala) foi assassinada. A notícia enviada pelas redes sociais chegou junto com o comunicado da Associação “Mulheres Madre Terra” que condenaram o fato.
A professora, no sábado, 7 de setembro, participava de uma reunião do Dia da Bíblia na comunidade de Monte Glória, quando foi atacada por dois indivíduos que a atacaram e depois fugiram. O esforço de socorro no Instituto da Providência Social não foi suficiente, e veio a falecer em razão dos ferimentos graves.
Diana Juárez era conhecida na região porque dirigia diversos projetos como “horta familiar” e “viveiros comunitários”, e de reflorestamento em mais de 32 comunidades rurais.