Machico prepara Milagres inclusive com pequenas obras na capela

Foto: Duarte Gomes

É já no próximo dia 9 de outubro, que a paróquia de Machico vai celebrar a festa do Senhor dos Milagres. A solenidade, que tem caraterísticas muito próprias, já está a ser preparada. Inclusivamente, de acordo com o que se pode ler na página de facebook da paróquia, a própria capela está a ser alvo de pequenas “obras de manutenção”.

Segundo se pode ler na publicação, de 27 de setembro, “devido à muita humidade e influência das marés, as paredes ficam saturadas e para além das manchas negras da humidade, também se esboroam os seus revestimentos”.

Assim sendo, tudo está a ser preparado para a Festa do Senhor dos Milagres que se avizinha, seja celebrada com a dignidade que lhe é devida, sendo que o momento mais significativo da mesma acontece sempre ao cair da noite de dia 8, altura a imagem do Senhor dos Milagres é trazida da capela, onde permanece durante todo o ano, para a igreja matriz.

O início da procissão está agendado para as 20 horas e, como sempre, serão os homens do mar que a vão encabeçar, com os seus archotes, estando também à sua responsabilidade o transporte da imagem. Mais tarde, pelas 21:30 horas, será celebrada a missa da vigília desta solenidade, sendo que tanto a procissão como a Missa serão presididas por D. Nuno Brás.

A eucaristia que assinalará a festa, no dia 9 de outubro, terá início às 15 horas, seguindo-se depois a procissão que levará a imagem do Senhor dos Milagres de volta à sua capela.

Passado sempre lembrado

A história de Machico ficou profundamente marcada pela aluvião de 9 de outubro de 1803. Nessa altura a imagem do Senhor dos Milagres, que se encontrava na capela com o mesmo nome, foi arrastada para o mar, no meio de uma grande tragédia que ceifou vidas e deixou a população sem os seus haveres. Reza a história que três dias depois, “o seu Crucifixo perdido nas águas do mar, foi logo encontrado por uma galera americana que cruzava os mares da Madeira.” O vento, segundo se relata, impediu que aquela embarcação seguisse o seu destino. Então, os marinheiros americanos voltaram atrás e foram levar o Crucifixo à Sé do Funchal onde foi venerado.

Mais tarde, em 1813, após a reconstituição da capela destruída, fez-se a transladação desta imagem, para Machico, tendo a mesma sido colocada na capela onde ainda hoje se mantém.

De resto, a festa do Senhor dos Milagres sempre se caraterizou pela sobriedade de motivos ornamentais, sem sinais de “arraial”, sem fogo de artifício, músicas ou outros enfeites. Apenas a devoção sobressai, e a profunda fé dos milhares de fiéis que ali acorrem todos os anos.

A grande participação dos pescadores, com os seus archotes, demonstra o respeito e a devoção que também estes têm pelo Senhor dos Milagres, que continua a ser uma das grandes festas da Paróquia de Machico.