Amazónia: “pulmão do planeta” e “direitos dos povos indígenas”

D.R.

Dia Mundial do Cuidado da Criação

O Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que se assinala hoje, 1 de setembro 2019, exige de todos os seres humanos uma conversão séria pelo cuidado da nossa Casa Comum, salvando o planeta. 

O Papa Francisco propôs que a Igreja Católica assinale anualmente este dia, em 2015, meses depois de ter assinado a encíclica «Laudato Si” sobre a ecologia.

O Bispo do Funchal, D. Nuno Brás, defendeu há dias a noção de ecologia integral presente na encíclica “Laudato si: uma ecologia que defenda o mundo criado mas também uma ecologia humana. O prelado disse que “hoje … somos capazes de defender todos os animais raros, todas as plantas raras, mas esquecemos tantas vezes, o ser humano”. E este ocupa um lugar único na criação. “Nós dependemos sempre de Deus, de um Deus que é Criador”. 

O mau uso da tecnologia, com a “mentira da disponibilidade infinita dos bens do planeta” e “uma economia só pensa no lucro”, pode estar a ser a raiz dos problemas ecológicos a que hoje assistimos.

Amazónia: «pulmão de florestas» para salvar o planeta

Em 17 de Junho, o Vaticano denunciou num documento sobre a Amazónia a exploração levada a cabo por interesses económicos que ameaçam o “pulmão do planeta” e os “direitos dos povos indígenas”.

Em 25 ago 2019, o Papa manifestou a sua preocupação: “Estamos todos abismados com os vastos incêndios que deflagraram na Amazónia, pois este pulmão de florestas é vital para o nosso planeta”. Papa Francisco disse que o próximo Sínodo sobre a Amazónia é uma resposta da Igreja Católica a preocupações religiosas e ambientais, numa região decisiva para a sobrevivência da humanidade.

“Não é uma reunião de cientistas ou de políticos. Nasce da Igreja e terá missão e dimensão evangelizadora”, explicou, em entrevista publicada no jornal italiano ‘La stampa’. Papa Francisco sublinha que “… a desflorestação significa “matar a humanidade”.

As comunidades locais, apontam o dedo para “os grandes interesses económicos, petróleo, gás, madeira, ouro, monoculturas agroindustriais”, bem como “megaprojetos de infraestruturas, como as hidroelétricas e estradas internacionais, e atividades ilegais vinculadas ao modelo de desenvolvimento extrativista” de minérios.

O território da Amazónia, composto por uma área com cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados, integra a maior floresta tropical do mundo e o polo de biodiversidade mais representativo do planeta.

Geração «Laudato Si» une-se à greve climática estudantil

No dia 16 de abril, o Papa Francisco encontrou-se com Greta Thunberg, a jovem sueca de 16 anos que desencadeou paralisações pelo clima em todo o mundo. Num documento divulgado pelo movimento, o Papa Francisco “apela à conversão interior para uma ecologia integral, um paradigma novo”, capaz de travar “a crise ecológica e social, que provém da degradação humana e ética”. 

Milhares de jovens católicos em todo o mundo uniram-se, no dia 24 de maio 2019, aniversário da assinatura da ‘Laudato Sí’, à  greve climática estudantil marcada para mais de 100 países. A ‘Geração Laudato Si’, coordenada pelo Movimento Católico pelo Clima, associou-se à iniciativa, manifestando a sua preocupação com a defesa da “casa comum”.

“A crise climática tem trazido sofrimento, destruição e conflitos para a família humana: extinção em massa, com até 200 espécies extintas a cada dia que passa, devido à destruição sem precedentes dos ecossistemas, e o nosso ar, as nossas terras e águas estão poluídas, e o espaço natural vai desaparecendo”, alertaram os jovens católicos.

Católicos: «espiritualidade ecológica»

Os bispos católicos de Inglaterra e País de Gales publicaram um documento conjunto onde apelam à mobilização das comunidades cristãs rumo a um cuidado renovado com a Criação e com o meio-ambiente. Fazem apelo ao desenvolvimento de “uma espiritualidade ecológica cristã” que permita ir ao encontro dos desafios da atual crise ecológica, e que seja posta em prática “na vida pessoal e familiar”.

“Perante o uso irresponsável dos recursos que Deus concedeu ao planeta, fazem a todos um desafio  urgente: passar das palavras “aos atos” e reforçar a preocupação que a Igreja Católica tem manifestado em relação à degradação do planeta, a alterações climáticas e à delapidação desenfreada dos recursos naturais. “Encorajam indivíduos, famílias e comunidades a promoverem hábitos de vida e de consumo “mais sustentáveis”. As suas escolas católicas – “mais de 4500 – já passaram da utilização dos chamados “combustíveis fósseis” para o recurso a energias renováveis, como o gás e a eletricidade”.

Estão também a desafiar as comunidades a defenderem o meio ambiente, em iniciativas “tão simples” como “a manutenção de um jardim comunitário”, a “instalação de postos de bicicletas”, a “não utilização do plástico”, o “desenvolvimento de novas formas de redução de resíduos” ou mesmo “a plantação de uma árvore”.