O bispo do Funchal presidiu esta segunda-feira, dia 1 de abril, a uma Eucaristia pela passagem do 97º aniversário da morte do Beato Carlos de Áustria. Na oportunidade, D. Nuno desafiou os fiéis presentes a pedir, por intercessão do Beato Carlos de Áustria a graça de deixarmos que Deus nos salve nesta Quaresma e nos reconcilie com ele.
O facto do Beato ter escolhido a ilha para sua morada, disse, “não nos pode deixar indiferentes. Ele um homem de paz, ele um homem que procurava fazer a vontade de Deus, ele um homem que transmitia à sua volta esta serenidade, esta harmonia e esta felicidade que só podem vir de Deus, escolheu esta ilha para passar os seus últimos dias”. Fê-lo porque “certamente aqui tudo falava desta harmonia e desta paz que ele interiormente já vivia e que procurava espalhar à sua volta”.
No fundo, disse o prelado, “recebemos também nós esta missão e esta graça de vivermos e acolhermos a vida que Deus nos dá”.
Mas D. Nuno Brás começou a sua homilia por falar de algo que é comum a todo o ser humano que é a aspiração a um paraíso. Mas para alcançar “um lugar onde cada um possa viver na felicidade” é preciso “querer, desejar, ter vontade de chegar a esse paraíso”. Mas todos nós “já fizemos a experiência pessoal de que efetivamente não somos capazes de querer”. Quantas vezes, em criança, não nos propusemos a fazer o bem, mas chegamos ao fim do dia e “à triste conclusão que os bons propósitos da manhã tinham sido facilmente esquecidos”. Este é, disse, “o drama do ser humano” e perante este drama, de vez em quando, “aparecem os ditadores, aqueles que dizem se me seguirem, se fizerem aquilo que eu mando chegaremos lá”. A história da humanidade, nomeadamente a do século passado, “está cheia de ditadores, pequenos ou grandes, que prometem o paraíso”.
No entanto, na primeira leitura, o profeta falava de “mundo novo, deste mundo diferente, deste mundo onde nós podemos ser nós próprios”. Já Jesus não prometia mas salvava, embora peça para o seguirmos, nos convide a outras atitudes e nos prometa a vida eterna. A grande diferença é que nos apresenta tudo isso “como dom de Deus”. Não se trata “do querer humano”, da “vontade humana”, mas sim “de sermos capazes desta atitude de quem acolhe e de quem recebe, desta atitude de quem acolhe e de quem recebe, desta atitude de quem se deixa transformar e vencer por Deus”. Este é, de resto, o caminho da Quaresma: “Deixarmos que Deus nos converta e que o seu amor vença o nosso pecado e a sua vida vença em nós aquilo que ainda é tantas vezes morte”. E “verdadeiramente na Eucaristia saboreamos este mundo novo e vivemos em antecipação esta vida de Deus em nós”. Foi esta atitude que o Beato Carlos de Áustria descobriu e viveu e que ele procurou espalhar.
Antes da bênção final, o bispo do Funchal foi até junto ao túmulo do imperador, onde se depositou algumas flores e onde rezou a oração ao beato Carlos de Áustria, um gesto repetido por toda a assembleia.
Mesmo no final da Eucaristia o Pe. Vitor, pároco do Monte, agradeceu a presença do prelado e de todos quantos fizeram questão de participar nesta celebração, incluindo familiares do imperador. A D. Nuno Brás foi ainda entregue um certificado da Liga de Oração do Beato Carlos, em que se diz: Temos todo o gosto em aceitá-lo como membro honorário da Liga de Oração do Beato Carlos de Áustria no México e enviar-lhe este certificado. Estamos muito felizes por contar consigo na nossa Liga de Oração, para que, em união e oração com o Beato Imperador Carlos de Áustria, possamos contar com o seu apoio para a causa da paz entre as nações e a sua canonização”.
O prelado recebeu ainda dois livros sobre o Beato, um da autoria de D. Teodoro de Faria e outro do Pe. Vergamota. Após a celebração assistiu ainda uma pequena atuação do Grupo Monte Verde, deslocou-se até junto da estátua do imperador e participou num pequeno convívio.