Caminhar juntos: com Jesus de Nazaré «GPS» dos jovens

D.R.

Jovens conectados com Deus

Os jovens devem ser ajudados a permanecer conectados com Deus, “Gps” de suas vidas. Mas diante dos desafios do mundo atual, os Padres exortam a não negar os símbolos do cristianismo, a não deixar que a Igreja católica seja ridicularizada e, sobretudo, combater o flagelo do abuso, senão a Igreja perde sua credibilidade.

É necessário viver próximo das pessoas: “ter o cheiro dos jovens”. Propor o Evangelho de Jesus, nascido pobre, morto na cruz e ressuscitado: só ele é digno de ser amado e seguido, ele é o “líder” que os jovens buscam. Corremos o risco de apresentar o Evangelho como uma “novidade insignificante e milagrosa”.

O Sínodo renovou a proposta de um Pontifício Conselho para os Jovens na Cúria Romana, formado por membros dos cinco continentes: a ideia é ter um grupo de jovens “em casa” com o Sucessor de Pedro. 

A Igreja “não está preparada” para acompanhar os jovens

“Os jovens hoje não são melhores nem piores que os jovens das gerações anteriores. Em Portugal para participar na conferência «Sínodo dos Bispos 2018 e os desafios da Pastoral Juvenil», organizada pelo Serviço da Juventude de Lisboa e pelos Salesianos, o padre Rossano Sala, foi apresentado como “um dos maiores especialistas mundiais” em pastoral juvenil, integrando a equipa de trabalho do Vaticano responsável pela coordenação do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens. 

Depois do Sínodo, a Igreja estará “mais consciente da situação dos jovens”, mas o padre Rossano afirma que, o encontro “não deve ser um evento mas um processo”… Questionado sobre o papel da Igreja neste tempo para que possa ser ponte e não muro, aponta como primeiro desafio o da sinodalidade.

“Terminou o tempo dos que trabalhavam e pensavam sozinhos”. Hoje é necessário escutar os gritos dos jovens, suas necessidades e desejos mas de forma “empática, misericordiosa e com compaixão”. É este o grande desafio que se impõe à Igreja: ser sensível, diz o Papa Francisco, “à  dinâmica de não excluir ninguém prestando atenção – à “qualidade dos adultos na fé” – e às categorias em maior perigo neste tempo de mudança cultural que vivemos que são a família e os jovens”.

São João Paulo II me guiou na minha juventude

Na festa de São João Paulo II, celebrada em 22 de outubro, em Roma, um bispo que participava no Sínodo dos Jovens refletiu sobre como o Papa polaco inspirou gerações de jovens, incluindo ele próprio, a buscar a santidade.

“João Paulo II me guiou na minha juventude. Eu assisti a minha primeira JMJ, aos 19 anos, em Santiago de Compostela”, disse o Arcebispo de Saint-Pierre e Fort-de-France (França), Dom David Macaire. Esse foi o quarto encontro mundial para jovens realizado por João Paulo II. “Os Padres Sinodais deveriam transmitir o Evangelho porque os jovens receberão este legado (…). Os jovens católicos querem fazer crescer ‘a civilização do amor’, prometida por João Paulo II”, continuou o Arcebispo.

Abrir horizontes e partilhar pistas de reflexão

O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, nos encontros vicariais em que está empenhado com os jovens da diocese, de 5 de janeiro a 23 de março, pretende “fazer uma conversa em família”, respondendo às suas perguntas e não “fazer um sermão”, ou “dar uma aula de Teologia”.

“Procuro tirar teias de aranha que andam na cabeça de muita gente relativamente ao que é ser cristão praticante, não praticante, ao que é ser Igreja”, disse. “Não se trata de saírem completamente transformados, convertidos” mas de iniciar um processo, “como diz o Papa Francisco”. Tem constatado que “muitos reduzem a Igreja sempre ao bispo, ao padre”, como se fosse uma multinacional religiosa “com central no Vaticano”.

Nestes encontros vicariais, de portas abertas para receber todos os jovens que queiram participar, a partir dos 16 anos de idade, D. António Marto quer, “sobretudo, abrir horizontes e deixar pistas” para poderem “refletir, pensar e deixar interrogações”.

Não aborda as questões da juventude “em termos de condenações”, que é a ideia que eles têm a respeito da Igreja. 

Normalmente, a primeira questão é sobre “o que significa hoje ser cristão e cristão praticante”, e como podem “dar testemunho” na escola, na profissão, nos ambientes de divertimento.

O tema da “espiritualidade e oração” é uma “surpresa”, ao qual estão  muito atentos. Também se interessam pelas chamadas “questões fraturantes”, relativas à “sexualidade humana, ao aborto e à eutanásia”.

A Diocese de Leiria-Fátima está a viver o primeiro ano de um biénio pastoral dedicado ao tema ‘Jovens, Fé e Vocação’. Uma das iniciativas programadas é um encontro do bispo diocesano com os jovens, nas nove vigararias.

“Têm corrido muito bem e tem havido sintonia, compreensão de linguagem embora me sinta de outra geração e faça todo o esforço para ser acessível e percetível”, avalia D. António Marto, também ligado aos jovens através das redes sociais.