Na hora de passar o testemunho ao seu sucessor D. António Carrilho deu uma entrevista ao Posto Emissor do Funchal, em que fala dos anos que esteve à frente da Diocese do Funchal.
Nesta conversa de cerca de 20 minutos, o prelado, que dá “graças a Deus por estes 12 anos como bispo, vividos de forma tão intensa”, e que lhe permitiram “conhecer realidades novas e uma história de Igreja na qual me vim inserir e à qual vim dar continuidade”, falou ainda dos sonhos que “algumas vezes vão mais além do que aquilo que é a possibilidade da realidade”.
O seu ministério, disse, foi “um tempo de muita alegria” que, no entanto, também teve os seus problemas. “Temos acontecimentos de diversa ordem, temos que enfrentar realidades que são diferentes de tempo para tempo e situações com que não podemos contar à partida”, disse o prelado, frisando que sempre se “procurou resolver as situações”, embora isso nem sempre tenha sido possível. Contudo, sublinhou, não foi por falta de diálogo que assim aconteceu. “Diálogo, graças a Deus, não faltou. Hoje insiste-se muito, e bem, nesta necessidade do diálogo porque é dialogando, é conversando, é procurando em conjunto aquilo que é o melhor, que vamos encontrar caminhos e soluções”, na “corresponsabilidade e participação”. Claro que “nem tudo resultou, apesar dos esforços, conforme se desejava, mas é natural que assim aconteça, e nós estamos preparados para saborear as alegrias e também para assumir e oferecer os sacrifícios”.
Presença em momentos de festa e de dor
Deste tempo que foi “de projeto e de resposta”, D. António destacou nesta conversa com o PEF, a visita da Imagem Peregrina que “mobilizou a Diocese”, a celebração jubilar dos 500 anos da Diocese, com o seu congresso, e a preparação dos 500 anos da Catedral.
Algo que também o tocou nestes anos foi a relação com as pessoas, de quem sempre esteve próximo, “como pastor que conhece, que está, que conhece o seu rebanho”. Uma presença que não se manifestou só em momentos de festa, mas também em momentos de dor como o 20 de Fevereiro e dos incêndios. Ambos, lembra, “deixaram marcas profundas nas pessoas”, mas “permitiram à Igreja assumir de forma significativa e reconhecida o apoio e a ajuda, não só no aspeto material, mas também dando ânimo, coragem e força”.
Marca deixou também a queda da árvore no Monte, situação que D. António acompanhou de perto no dia e não só. “Estas marcas não se apagam com ligeireza, são marcas profundas, cicatrizes difíceis de sarar, porque somos solidários na dor”, disse a propósito D. António, que aproveitou esta entrevista para deixar uma palavra de alento “àqueles que têm marcas de sofrimento direto, marcas do sofrimento moral e espiritual. Rezo por todos e peço a Nossa Senhora do Monte que olhe por cada um, segundo as necessidades e avive a sua fé, e que ninguém se afaste da Igreja por estas razões.”
Lembrando que não vai deixar de ser bispo, D. António Carrilho disse ainda que vai continuar por cá mais algum tempo, até com o intuito de realizar alguns projetos “ao nível da memória histórica da diocese que tenho e que gostaria de realizar” e, claro, “disponível para ajudar na medida das necessidades” o novo pastor. De resto, ao seu sucessor, D. Nuno Brás, D. António desejou “o melhor sucesso pastoral” e que “tudo aquilo em que ele se empenhar seja projeto de sucesso”. Terminou desejando que “Deus abençoe a nossa diocese com o bispo que nos dá”.