Jerónimos, Clérigos, Cristo-Rei e Basílica dos Congregados vão iluminar-se de vermelho para lembrar perseguição aos Cristãos

O Mosteiro dos Jerónimos (Lisboa), a Torre dos Clérigos (Porto), o Santuário do Cristo-Rei (Almada) e a Basílica dos Congregados (Braga), vão iluminar-se de vermelho, na próxima quarta-feira, dia 28 de Novembro, para lembrar aos portugueses e ao mundo o drama da perseguição aos cristãos.

No Relatório sobre a Liberdade Religiosa, produzido pela Fundação AIS e divulgado em Lisboa na passada quinta-feira, em simultâneo com as principais capitais europeias, estima-se que mais de 300 milhões de cristãos vivem em países onde há perseguição religiosa. Isto significa, revela ainda o documento, que 1 em cada cinco cristãos reside em países onde há perseguição ou discriminação com base nas questões da fé.

Esta realidade tem por vezes contornos dramáticos, com pessoas, famílias e comunidades inteiras a sofrerem violência, terrorismo, ameaças, perseguição, prisão e até morte.

A liberdade religiosa é, talvez, o barómetro principal dos direitos humanos. Quando o direito à liberdade religiosa é violado, dificilmente os outros direitos fundamentais do ser humano não são também violentados. O Relatório da Fundação AIS – que examina o período entre Junho de 2016 a Junho de 2018 – assegura que 61% da população mundial encontra-se a viver em países onde a liberdade religiosa não é respeitada.

No entanto, apesar da dimensão trágica que estes dados revelam, existe como que uma enorme insensibilidade ou mesmo desinteresse na maioria dos países ocidentais para esta questão.

Para combater a indiferença da sociedade perante esta realidade tão dramática, a Fundação AIS vai iluminar de vermelho – a cor do sangue, para lembrar o martírio dos cristãos – alguns dos monumentos mais icónicos de algumas das principais cidades do mundo. Além de Portugal, vão juntar-se a esta iniciativa, na próxima quarta-feira, países como Reino Unido, Austrália, Irlanda e Estados Unidos.

Recorde-se que esta é a segunda vez, no corrente ano, que a Fundação AIS faz iluminar de vermelho o Santuário do Cristo-Rei assim como a Basílica dos Congregados, em Braga.

Em Fevereiro, esses monumentos integraram uma enorme jornada de oração e de sensibilização da opinião pública para a questão da perseguição aos cristãos, que juntou então também o Coliseu de Roma, a Catedral maronita de Santo Elias, em Alepo, na Síria, e a Igreja de São Paulo, em Mossul, no Iraque.

D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga, sublinhou na ocasião a importância da iniciativa da Ajuda à Igreja que Sofre, por “chamar a atenção da opinião pública nacional para a violação dos princípios básicos da liberdade religiosa e das suas vítimas”.

O prelado pediu que a iniciativa da Fundação AIS fosse acompanhada por gestos concretos das “pessoas de boa vontade”, a quem solicitou “um compromisso e acção cívicas que promovam a paz e a dignidade”, assim como pediu, aos cristãos da arquidiocese, “a força da oração perseverante e intensa pelos nossos irmãos cristãos perseguidos”, pois o “rio de sangue que nos chega do Oriente– escreveu D. Jorge Ortiga – não nos pode deixar indiferentes”.

Desta vez, a grande novidade da iniciativa da Fundação AIS em Portugal é a junção a estes dois monumentos tão simbólicos – o Santuário do Cristo-Rei e a Basílica dos Congregados –, dois outros monumentos verdadeiramente icónicos: o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e a Torre dos Clérigos, no Porto, o que diz bem da crescente adesão do nosso país a esta jornada de oração e de sensibilização internacional da Fundação AIS.

Outros países, por questões específicas de agenda, já iluminaram de vermelho alguns dos seus monumentos, como foi o caso do Canadá, França, Itália e Espanha, com destaque para a Igreja da Sagrada Família, em Barcelona, e para a cidade de Veneza, considerada um dos patrimónios culturais mais relevantes do mundo, que viu, na noite de terça-feira, dia 20, tingidos de vermelho não só a Basílica de Nossa Senhora da Saúde, como também o percurso ao longo do Grande Canal de Veneza e a Ponte do Rialto.

Esta iniciativa da Fundação AIS, que teve o apoio do Patriarcado de Veneza, mereceu o aplauso do Santo Padre, classificando-a como “providencial”, para recordar ao mundo o drama da perseguição religiosa. “Existem países onde é imposta uma única religião, e outros onde assistimos a uma perseguição violenta ou a um achincalhamento cultural sistemático exercido sobre os discípulos de Jesus”, afirmou o Papa Francisco, acrescentando que o direito à liberdade religiosa é um pilar “fundamental” da humanidade e “deve ser renovado porque reflecte “a mais alta dignidade” de cada homem e mulher.

Em todos os lugares em Portugal onde na próxima quarta-feira os monumentos se iluminarão de vermelho, haverá momentos de oração pelos cristãos perseguidos, sendo que, à semelhança do que já ocorreu no passado mês de Fevereiro, inúmeras paróquias e movimentos já fizeram saber à Fundação AIS que vão aderir também a esta iniciativa.