Centenário do fim da Primeira Guerra Mundial: Pela paz

D.R.

Por Graça Alves

É nas noites da Humanidade que nos lembramos que as grandes coisas moram em palavras pequenas: o Amor fica perfeito na palavra “Mãe” quando a dor bate à porta; a coragem escreve-se com a palavra “pai”, quando nos perdemos de casa; a palavra “Paz” transporta, em si, toda a serenidade do mundo, quando o fantasma da guerra escurece os dias e nos rouba a esperança.

Fazemos, hoje, memória do dia em que, em 1918, o mundo respirou, livre e sem medo, porque a Primeira Guerra tinha acabado. E Deus sorriu. Porque no sonho de Deus, todos os homens são irmãos.

Na mesa deste dia e nesta celebração, em que nos sentimos todos filhos do mesmo Amor, colocamos todos aqueles que foram caindo em campos de batalha, lutando, certamente, por aquilo em que acreditavam, colocamos todas as lágrimas, todas as feridas, todos os buracos que as guerras foram abrindo nos tetos do mundo, colocamos quem foi e quem ficou, à espera rezando como o poeta: “Que volte cedo e bem!”

E pedimos pela paz, esta palavra-perfume que Deus depositou, inteira, no coração do Homem. Como a palavra “fé”. Como a palavra “luz”. Ou mãe. Ou mão. Ou pai. Ou pão.

Percebemos, então, que o silêncio que elas deixam em nós dá lugar à voz do Infinito onde, afinal, cabem todas as palavras que nos parecem definitivas: a morte, o medo, a guerra, o desencanto. Percebemos, então, que na palavra Paz mora a essência do coração da Humanidade e, dentro dele cabe tudo o que é preciso para sermos felizes, na nossa diversidade.

Deus é a Casa onde cabemos todos. Hoje, aqui, juntos, unidos pela paz, somos os braços da videira que se ergue do chão, somos as estrelas que se acendem na noite, somos o grito de esperança que arrasa as guerras.

Hoje, como há 100 anos, assinamos o Armistício. Dentro de nós. Uns com os outros. Em Deus.

(Celebração ecuménica, Juntos pela Paz. Convento de Santa Clara, 9.11.2018)