Missão evangelizadora ou de sinal contrário?

D.R.

Este mês vai prolongar-se por um ano (out 2019) para reflexão, oração e ação sobre a missão de evangelização. Os batizados são convidados a envolverem-se na vinha e seara da cultura cristã evangelizadora de povos de perto e de longe. Em contraponto não faltam os semeadores do inimigo a semear joio. O Papa deseja que a Igreja saia para a periferia, mas a periferia pode estar dentro da Igreja. S. Lucas deixou no seu Evangelho o mandato de Jesus: ide dois a dois, desprendidos de métodos pesados e empecilhos. O essencial é seguir o próprio Cristo sem se envergonhar de O confessar; levar a paz, o sentido de vida cristã, curar e cuidar os pobres e doentes, e anunciar o Reino de Deus. A ação do evangelizar está rodeada de atividades convergentes e opostas. Fazer o bem e estimular a fazê-lo mesmo sem referência explícita a Cristo, mas sem estar contra Ele já pode evangelizar. São essenciais a sinceridade, bondade e verdade sem deslizar para a hostilidade a Cristo e à sua Igreja. “Quem não está comigo está contra mim” (Mt 12,30). Há uma zona cinzenta de indefinição quando se envereda pelo pensamento politicamente correto e agnóstico do pensar, da cultura líquida e propostas fraturantes contra o Evangelho. O relativismo e a indiferença militantes contrariam a evangelização, a ação da Igreja e a cultura cristã. Nem faltam planos subterrâneos, organizados de antievangelização para substituir o reino de Deus pelo reino do diabo e do mal. O Evangelho usa de inúmeras expressões para mostrar a relação de contrários entre evangelizar com Cristo e lutar contra o Reino de Deus. São expressões cheias de sentido: luz e trevas (Jo 1, 4-5), queda e elevação, bênção e contradição, ocultação e manifestação dos pensamentos de muitos (Lc 2, 34-35); sim e não a Cristo e aos pobres. A contra evangelização não se carateriza só por omissões. É o avesso da missão evangelizadora; torna-se luta por desevangelizar e erradicar a presença de Cristo e aquilo com que Ele se identifica: a Igreja, os cristãos e os pobres. A contra evangelização organizada não se faz por distração. Parte de uma intenção motivada de hostilidade, ódio e desejo de destruir a Igreja. Os missionários e apóstolos, já evangelizados, assumem a evangelização como missão intencional inerente à sua identidade; ao passo que os que se opõem ao Evangelho assumem a identidade antirreligiosa e o propósito intencional contra a cultura cristã. Numa palavra, tentam afogar as sementes do Evangelho com sementes de joio (Mt 13, 24-30). Nem sempre, porém, o “inimigos” manifestam abertamente esta intenção; recorrem a estratégias manifestas e ocultas, de acordo com a esperteza divisiva (“diabólica”). Analisar as estratégias das suas ações torna-se difícil devido aos seus poderosos meios de comunicação para confundir o público e ocultar os reais objetivos dos seus planos. A missão evangelizadora é transparente enquanto a antievangelizadora procede por influências subtis das altas cúpulas do poder até aos últimos patamares em que se fragmenta em mil percursos de corrupção, lutas fraturantes, disfarces e fingimentos. O Evangelho deixa o alerta: “os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz” (Lc16,8). Enquanto as ditaduras ateias utilizam métodos mais visíveis, as cúpulas secretas de países da alta finança maçónica não ficam atrás em hostilidade ao Evangelho e aos valores cristãos. Uns e outros são grupos de tendência que não incluem todas as pessoas de cada tendência. Há sempre pessoas que podem mudar e passar de anti a pro-Evangelho e pro cultura cristã; e vice-versa. Caraterístico dos evangelizadores fiéis a Cristo é o uso de meios modestos e testemunhos heroicos de fidelidade. Uma história em revista missionária recente dava o exemplo de um país comunista: de um lado, uma mensagem de evangelização quase impercetível junto a uma fonte a convidar para Cristo; do outro o regime com centenas de cartazes e mensagens de comunismo ateu. Os grandes objetivos de um lado e do outro funcionam em sistema binário, a favor ou contra o Evangelho. À palavra de Jesus, celebração e caridade de partilha a favor dos irmãos mais necessitados, é contraposta a palavra e “missão” de sinal contrário. De um lado a palavra é de trigo e pão, noutra é de joio; uma funciona às claras, outra, pela calada da noite, às escuras, com astúcia. Um ano de Missão fará a diferença em palavra, testemunho, oração e ação; longe e ao pé da porta segundo o convite de Jesus: ide também para a minha vinha!